Cobertura Novas Frequências: Demdike Stare, 03/12 @ Oi Futuro Ipanema

Foto: Eduardo Magalhães/I Hate Flash

No primeiro dia de Novas Frequências em 2013, uma das características mais marcantes do festival se fez presente: a experiência de imersão. Se é comum nos outros festivais e apresentações em terras brasileiras ver a plateia conversando aleatoriamente enquanto dá um passeio pela casa de show, no NF isso não acontece. Na pequena sala do Oi Futuro, um teatro com cadeiras e lugares marcados, você é obrigado a imergir. Não dá pra passear, não dá pra conversar: você TEM QUE prestar atenção. E, neste caso, numa experiência ainda mais intensa do que o ouvinte estaria acostumado, em casa.

Assim aconteceu com a atração de ontem (03/12), o duo inglês Demdike Stare. Embora seja um pouco difícil de acontecer, é possível que um primeiro contato com a música da dupla não seja exatamente “convidativo”. Ruídos severos, baixo IMENSO e cordas sintéticas esparsas podem não ter o mesmo impacto na sua caixinha de som. Porém, na salinha de Ipanema, a palavra é exatamente essa: impacto.

Cabia até um reforço na parafusagem, porque o Oi Futuro, literalmente, tremeu. Um pouco tímidos, os dois entraram no palco de cabeça baixa olhando fixamente para uma mesa repleta de pedais e um macbook. Projeções no fundo, basicamente de corpos (ou partes de corpos), aumentavam o clima de filme de terror que a música da dupla sugere, assim como o projeto gráfico dos seus inúmeros álbuns e EPs. De início, o aspecto visual parece se tornar maior do que deveria mas aí eles te assustam de verdade. Com música.

Uma das coisas mais curiosas em termos de experiência em shows é ver como se comporta pessoas que só estão presentes a serviço e não fariam a mínima questão de estar ali. O bombeiro, do Oi Futuro, por exemplo. Ele só estava ali pra impedir que as pessoas sentassem na escada e sua expressão alternava sofrimento e perplexidade. Também, pudera: a arquitetura sonora da sala favoreceu o aspecto abrasivo da música do Demdike Stare. Até o “deep bass”, outra característica marcante dos ingleses, carregou ainda mais a atmosfera ruidosa gerada pela vibração dos equipamentos do teatro.

Nesta primeira noite de shows, o Novas Frequências apenas confirmou sua posição como evento único no Rio e, provavelmente, no Brasil. Mais do que uma apresentação musical, o festival é uma experiência. A de ontem, com o Demdike Stare, está em algum ponto entre hipnose, magia negra e uma noite numa pista de dança do Inferno. Como experiência, não poderia ter começado melhor.