Deep House em 5 passos: um guia sobre o filho introvertido da House Music

03.DEEP HOUSE EM CINCO LIÇÕES

 (80s)

(90s)

(00s)

(10s)

(10s)

04.DEEPEDIA

Larry Heard
Inventor e intelecto do genero nos anos 80, reinventou-se em 2006 com um desses hit tech-house arrasa-quarteirão, sem perder o espírito deep que ajudou a conceber

Kerri Chandler
Da primeira geração de Chicago, na ativa desde os anos 80 e autor de no mínimo uma meia dúzia de clássicos seminais, segue tocando pelo mundo ( e eventualmente fazendo uns discursos meio constrangedores). Nunca mudou de estilo e emplacou uma quantidade inlistável de hits.

Basic Channel
Um dos primeiros projetos de Deep House do Reino Unido, desde os anos 90 apontava a direção menos organica que o estilo fatalmente tomaria na Europa.

05.PARA O FUTURO

I
Kyle Hall
Provavelmente a última grande cria da falida Detroit. O menino prodígio (lançou a primeira faixa aos 16) é a prova de que a música eletrônica americana ainda consegue se reinventar. Quase sempre experimental e pouco preocupado com as pistas de dança (que até bem pouco tempo sequer tinha idade legal para frequentar), Kyle ficou famoso ao mixar trechos de soul music filtrada com experimentações em baterias eletrônicas. Seus sets como DJ são um relato sobre a experiência de crescer na cidade que inventou o Techno e um dia foi a Meca da cultura clubbing underground. Um desses relatos foi eternizado numa recente (e histórica) sessão de 35 minutos da Boiler Room em sua cidade natal.

II
Roaming
A Alemanha ainda é (e seguirá sendo por um bom tempo) o Farol de Alexandria da cena clubber. E pra lá que artistas do mundo inteiro se mudam em busca de inspiração ou troca de conhecimento (ou apenas diversão num de seus interminaveis afterhours) e é nas pistas de Berlin que toda faixa será posta à prova. Mas artistas alemães tem se empenhado em ser mais que um ponto de reprodução e distribuição. É o caso da Smallville, misto de loja de discos, produtora, agência e selo coletivo de Hamburgo que tem como claro objetivo construir uma identidade audiovisual local e única, a despeito de toda influência externa. Os nomes mais proeminentes da “família Smallville” são Moomin e Christopher Rau, que juntos formam o Roaming. Mesmo com toda a tecnologia digital disponível hoje em dia, seguem fazendo experimentações usando samplers, drum machines e sintetizadores analógicos, mas o que mais chama atenção nos dois mesmo é a capacidade de manter um estilo próprio sem, no entanto, cair em formulinhas repetitivas.

III
Nu Zau
Egresso da cena de minimal romeno (outra grande cartada em 2013) é fazendo House que melhor representa o momento mais atmosférico e hipnótico que vive-se atualmente. Ao mesmo tempo aponta a via européia da house. Os 808s sumiram, os vocais negros nem se cogitam e a mera sugestão de swing é imediatamente rechaçada pelos loops lisérgicos de 10 minutos e batidas descompassadas, cheias de reverb ao mesmo tempo em que linhas de baixo tão groovy quantos os que Chicago um dia já produziu, marcam a levada desse novo olhar à musica. Nu Zau representa o jeito romeno de enxergar o Deep House: rebole se quiser, mas antes, perca os sentidos.

IV
Dale Howard
House Music é um gênero que sempre respeitou a própria história. Mas Dale vai além. É a exaltação da velha guarda, ou, como ele próprio se define, “how things used to be”. Grave pesado de synths analógicos, melodias marcadas por loops de orgãos e samples de vocais de diva salpicados em breaks secos (típicos dos anos 90). Dale Howard é um olhar para o passado sem, no entanto, a intenção de rescreve-lo.

 

*Ricardo Sica é DJ e há 2 é residente do coletivo Haus Kollektiv.