Bazar Pamplona | Todo Futuro É Fabuloso

Bazar Pamplona

Todo Futuro é Fabuloso

[Capitão Monga; 2012]

6.8

ENCONTRE: iTunes

por Matheus Vinhal; 13/07/2012

Quando “Todo Futuro é Fabuloso”, o novo disco do Bazar Pamplona, começa, o ouvinte mais tarimbado já provavelmente sabe o que lhe espera. E realmente estão ali, no disco e na banda, as características mais comuns do que se convencionou mais recentemente a chamar-se ‘rock alternativo’ no Brasil (ver também: Pullovers, Sabonetes, Pública), representado de tal maneira em óbvia contraposição ao que seria o ‘rock mainstream‘ brasileiro (i.e. Restart, NXZero, “a nova banda de Rick Bonadio”). Estão ali em “Todo Futuro é Fabuloso”: os riffs interessantes mas contidos; uma instrumentação cuidadosa porém conservadora; as letras (em geral acompanhadas por arranjos análogos) ora inocentes, ora cotidianas, ora irônicas, ora metalinguísticas; o vocal tão pouco afetado quanto pouco inspirado. No caso específico do Bazar, essa sonoridade se soma a certa reverência ao folk rock, geralmente pelo caminho de banjos, cordas e pianos com timbres característicos do gênero americano.

É, de certa forma, até uma afronta comparar o Bazar Pamplona a tais bandas de rock mainstream, dada a cristalina diferença de qualidade e, principalmente, de propósito entre a música de ambos os grupos. Mas esse é o infortúnio do Bazar e grupos similares: a alusão ao termo ‘alternativo’, uma designação como sempre reducionista, existe antes de tudo por motivos comerciais, a tal da grana. O Bazar Pamplona é ‘alternativo’ basicamente porque, vamos dizer, o Restart é o rock ‘convencional’ hoje em dia.

Entretanto, apesar de oferecer algo muito mais interessante do que seus pares mais voltados para o “we’re only in it for the money‘” do rock brazuca, a música feita pelo Bazar Pamplona em “Todo Futuro é Fabuloso” não apresenta caminhos exatamente alternativos: sua estrutura é conservadora e rígida, seu desenvolvimento é linear e previsível, as piadas e ironias das canções são convenientes e oportunas. Se há algo que possamos chamar de ‘alternativo’ no novo trabalho do Bazar, talvez seja o timbre dos vocais e as letras mais voltadas à vida simples e cotidiana, mas um vocalista sem muito força e o dia-a-dia já são elementos há tempos incorporados também ao que consideramos aqui como música mainstream.

Entretanto, há bem menos desdém e desconsideração nessas afirmações do que parece haver. O que há é uma evidente confusão. “Todo Futuro é Fabuloso” é, na verdade, um disco de rock convencional, no sentido de que suas faixas apresentam uma estruturação comum, pouco interessada no inesperado, no inusitado ou no diferente. É, contudo, um álbum interessante, muito digno e sincero no que se propõe e de fato faz, mas que possui suas limitações. Por limitações me refiro em especial ao descompasso entre os riffs e arranjos e as letras do disco, os primeiros sendo bem mais inspirados que as segundas. Nada muito diferente do resto da atual música brasileira, em geral. A desventura dos rapazes do Bazar Pamplona é que são esperadas deles soluções ou respostas que sua música não propõe (TRIVIA: encontre nesta frase a menção subliminar ao Los Hermanos e este texto se elucida). Pelo caminho do sarcasmo, o Bazar Pamplona nos diz em “Todo Futuro é Fabuloso”: eles sabem o que são, não fazem feio ou mal feito. A questão que se põe, na verdade, é outra: quem nós pensamos que eles são?