Beach House | Bloom

Beach House

Bloom

[Sub Pop; 2012]

9.4FITA RECOMENDA

ENCONTRE: Site oficial

por Livio Vilela; 04/06/2011

Parece bastante precipitado dizer que “Bloom” vai ser o disco que vai fazer o Beach House tocar em estádios, mas se há uma sensação que marca o álbum da dupla formada por Victoria LeGrand e Alex Scally é que tudo está bem maior do que em lançamentos anteriores. Não se trata apenas de expansividade ou certa popice – embora haja refrões fáceis e interlúdios quase dançantes – mas de um esforço demonstrado em querer soar imenso. “Bloom” é um álbum feito para brilhar. Como fica explícito num dos significados da palavra escolhida para o título, esse é um trabalho que foi feito para atingir a máxima beleza.

A boa notícia é que “Bloom” é exatamente o que Victoria e Alex almejavam. De certa forma, não dá para dizer que o Beach House evoluiu desde o primeiro disco. Nunca houve nem construção, nem descontrução na maneira de trabalhar da dupla. “Beach House” é uma joia envelhecida que Victoria e Alex Scally foram polindo até chegar no brilho intenso de canções como “Lazuli” (a melhor). O que também demonstra o quanto a dupla parece se agarrar a uma ideia bastante específica do que é bonito. Numa era em que os artistas são quase que obrigados a mudar seu som a cada tweet, permanecer é uma ideia tão arriscada quando se transformar.

Essa intenção da dupla de comunicar o belo cria um efeito interessante. A maioria das pessoas que escreveram sobre o álbum falam da maneira como o som da banda parece fazer o tempo parar. Na verdade, nos melhores momentos de “Bloom”, é como se o Beach House criasse música que pudesse ser habitada – um espaço perfeitamente desenhado sob a influência da ideia firme de beleza da dupla. Um mundo inteiro com filtro de aplicativo fotográfico, onde qualquer existência é essencialmente e intensamente feliz. É uma sensação momentânea, como eles avisam já na primeira faixa, “Myth”, mas que inebria nos 50 minutos do álbum.

“É mais profundo do que você e eu” canta LeGrand na última estrofe da peça central do álbum, “The Hours”. Durante todo “Bloom”, o que sai da boca de Victoria são afirmações ou questionamentos, mas nunca definições. É grande, é belo, é infinito, é real – ela fala sobre uma existência indeterminada, como se a música ou o sentimento que ela quer comunicar fosse um sujeito compartilhado apenas pela banda e pelo ouvinte.

Embora seja um álbum de grandes pretensões, “Bloom” não é um disco difícil, nem esmagador. Essa qualidade parece vir da maneira natural como o Beach House conjura algo que é maior que a banda, maior do a que música. A beleza aqui é instinto.