Anitta | Show Das Poderosas

O som de sirene que abre “Show Das Poderosas” é provavelmente o único vestígio do passado de Anitta, ex-MC da Furacão 2000 que foi recém contratada como promessa pop por uma Warner Music em busca do market share perdido. Como o Túlio bem disse, trata- se do extreme makeover do funk carioca, sai a menina franzina de shortinho atolado, vem o mulherão pós-Nicole Bahls.

Para todos os efeitos, a mudança é um daqueles casos em que todos saem ganhando. Não só ela parece mais bonita e confiante do que em sua versão funk, como sua música avançou alguns passos desde sua reapresentação com “Menina Má” (ainda com o tambozão de favela esquecido no meio da música), há um ano. “Show Das Poderosas” não quebra nenhuma barreira, mas levanta os pilares para nova fase da garota e, se pá, de uma nova leva de popstars nacionais. Num momento em que se discute tanto o sexismo ainda presente na gramática da música brasileira, ter alguém falando de empoderamento feminino numa música de 3 minutos que toca no rádio é um bom contraponto às “Gatinhas Assanhadas” do bloco sertanejo. Nada disso é exatamente novo: o “ba-ban-do” no meio da letra é quase um sample vernacular de Kelly key circa Latino e a batida é apenas default, incluindo aí o bassdrop que Anitta manda na marca de 1 minuto e meio. Funciona mais do que o esperado, pelo menos.

Se há um ano eu cogitava que a discussão central de 2012 se encaminhava para a definição do que seria o tal pop brasileiro, em 2013 o “efeito Naldo” e o sucesso de canções como o “Hot Dog” do Buchecha nos fazem pensar se o modelo do pop de lá não faria sentido no pop daqui. Por enquanto, “Show Das Poderosas” é um fenômeno carioca, confortável na área asfaltada que vai do Méier à Jacarepaguá via Túnel Zuzu Angel (para quem for de fora do Rio, Google Maps). Só que, como bem prova o clipe, ela e todo mundo em torno dela quer maaaaais. Poderia ela ir de princesa do funk para rainha de outros reinados? Não contem para Wanessa, mas, até onde se sabe, esse trono está vazio.