Carly Rae Jepsen | Call Me Maybe

Se tomar pela história recente ou antiga, dá para dizer que os compositores canadenses são pessoas emocionalmente complicadas, difíceis. Quer dizer, Leornard Cohen não é exatamente um cara feliz no amor, muito menos Neil Young. Alanis estreou para o mundo com uma música que basicamente manda o ex e sua atual namorada e resto do mundo à merda. Avril, coitada, já dizia tudo no título de seu primeiro single: “Complicated”. Até Bieber, “padrinho” de Carly Rae Jepsen, era um drama king já aos seus 16 anos: “Baby, baby, eu pensei que você seria sempre minha”.

Mais velha do que todos eles quando tiveram seu primeiro sucesso, Carly Rae Jepsen, uma participante mal sucedida do Canadian Idol (aka SUB CELEBRIDADE DO CANADÁ), não tinha muita escolha além de parir um hit do nada para continuar, ou melhor, entrar de fato no jogo – e “Call Me Maybe” é exatamente isso. Enquanto seus pares – um bando de cornos chorões – lamentavam o fim e as complicações de estar apaixonado, Carly celebra a possibilidade. Me liga, se der.

É idiotamente simples e irresistívelmente pop. Ou como o próprio Bieber disse no tweet que mudou tudo: “Possivelmente a canção mais grudenta que eu já ouvi”. LOL. Num cenário em que todo mundo parece desesperado por autencidade (perucas multicoloridas, superprodutores, pessoas falando sobre como inventaram “um gênero totalmente novo”), Carly funciona como um bálsamo. É um alívio que uma música sem muitas pretensões possa ser maior que os engodos titânicos que tem sido os grandes singles pop de 2012 (“Starships”, “Boyfriend”, “Part Of Me”, etc). Não dá para imaginar que ela vai querer bancar Davi pelo resto de sua carreira, mas dessa vez bastou um número de telefone anotado num papel para bater Golias.