João Bosco & Vinícius | Final de Semana

João Bosco & Vinícius

Final de Semana

[Sony Music; 2012]

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ENCONTRE: Site Oficial

por Yuri de Castro; 0/02/2012

Quando o “Viva La Vida” saiu, Chris Martin insistiu que a banda fazia música de estádio e, com isso, ia justificando a quantidade imensa de brechas e deixas cheias de “ôôÔôôÔÔÔÔÔ” no meio das músicas do álbum. Faz sentido. A banda de Chris passou a micaretar (sem o prejuízo do termo, U2zou-se) ou seja, passou a lotar estádio, a cantar pra estádio. “Final de semana” é de João Bosco & Vinicius, uma das duplas mais sólidas do movimento mais recente do pop brasileiro, o sertanejo universitário. Não só é pioneira no gênero, como deu os passos vitais para o processo de cristalização artística, seguindo os passos das também enormes Victor & Léo, Jorge & Mateus, Fernando & Sorocaba (esta última grande pelos sucessos, mas pouco eficaz musicalmente).

Era 2009 e a dupla alcançou a dinâmica das rádios com “Chora, Me Liga” (não finja que não está cantando) e abriu a porteira (nesse caso a expressão é legítima, eles são de Campo Grande) para milhares de duplas do mesmo local e, se não do mesmo local, do mesmo jeito de se vestir e compor. Hoje, do mesmo modo que seus pares aclamados já citados, a dupla faz o palatável com uma vontade de ficar pra sempre nas novelas das sete horas.

“Final de semana” é típica. Aliás, a recomendação é que, ao esbarrar com qualquer resenha do Fita Bruta sobre um hit do sertanejo universitário, você leia novamente o texto do Antonio Giron, principalmente quando ele acerta dizendo, em outras palavras, que este gênero está fornecendo crônicas sobre o imaginário mais popular. Aí, tu dá uma olhada no folderzinho virtual que a assessoria da dupla preparou pro lançamento do single e fica impossível pra você refutar a hipótese. Aí², tu compara com o que a galerinha anda compartilhando nas redes sociais como piadinha de relacionamento de balada. Você não tem saída.

Com seus zilhões de “ôôôôô”, a dupla não empolga muito, não com “Fim de Semana”. Mas como mostra o clipe, no meio do setlist, não vai fazer feio e, nem de longe, a música é ruinzinha. O erro é que ela caiu na entresafra. Eles aproveitaram que todos estão praticamente parados (a maioria dos artistas do gênero, neste momento, está em estúdio gravando seus novos discos) e desceram na onda. Não vai ser fácil chegar aos primeiros lugares das rádios (aliás, pra quem não sabe, um termômetro muito mais de relações públicas do que de audiência), mas, quem sabe, não arranja uma Malhação pra chamar de sua. Uma coisa é certa: abrindo a mala (seja a mala do carro do playba ou a mala da grana), tudo se resolve. A gente fica devendo se pro bem ou pro mal.

PS: sobre o Coldplay, não foi em vão. A época do lançamento da belíssima Chove Chuva, a dupla afirmava que se inspirava em U2, Coldplay e Snow Patrol para compor. Portanto, se universais como afirmou o Antonio Giron, deixa os menino brincar. Aliás, vale frisar, as notas iniciais dessa música são coladinhas com as que começam “Toxicity”, do System of a Down.