Michel Teló | Amiga Da Minha Irmã

Quem nunca? A essa altura, você já deve ter sacado que a lógica e o auge do pop brasileiro neste momento está no clímax e não propriamente na veracidade do fato ou do desenrolar verídico da narrativa. Quem se ligou nisso, está aí ganhando dinheiro de verdade. Quem não se ligou, consegue alguns views no YouTube e some.

E o mais maneiro disso tudo é que o gênero dos ovos de ouro do pop contemporâneo no Brasil está ensinando que o modelo Antena 1 de breguice americana aka John Mayer não rola no Brasil. O novo sertanejo é uma aula que há muito tempo não tínhamos no pop brasileiro e eu vou repetir isso até uma hora em que Ivete Sangalo ou Thiaguinho tiverem alguma relevância novamente no cenário (não vão).

Em “Amiga da Minha Irmã”, que surpresa, a brincadeira é com aquilo que diante dos pais não admitimos, mas que galhofamos ao lado dos amigos de latão de Skol na mão. Todos os hits recentes do sertanejo se escoraram nessa premissa (e os que não assim fizeram, se eram bons, eram do Jorge & Mateus ou do Victor e Léo). Pouco bobo o menino Teló? Muito, muito maior que tudo o que tem tido por aqui na premissa de se fazer música pop com algum tipo de Brasil no meio. Eu fico imaginando se não há um tipo de recalque em artistas como Armandinho, Toni Garrido (que tá comendo o pão que o diabo amassou no ridículo novo momento do Cidade Negra), alguém do Biquini Cavadão, ou seja, tentativas fracassadas de pop e de ridicularidades até pouco relacionadas com a música, mas sim com a falta de sagacidade pop.

Por um lado, é meio chato de admitir: Michel Teló é o maior dos norte-americanos do Brasil. E, em parte, isto é um mérito.  Teló faz sozinho no país o que um monte de mané nos EUA faz quase que naturalmente (e por isso arrecadam muito mais, produzem muito mais besteiras mas, ao mesmo tempo, criam um mercado mais sólido — do Eamon à Katie Perry). Por outro lado, assumindo “Amiga da Minha Irmã” como possível hit, antes um pop bem safado (entenda como quiser) do que as besteiras que os antigos donos do mainstream como Zeca Pagodinho, os supracitados Veveta e Thiagué, Rodriguinho, Belo, Leonardo e Roberto Carlos continuam jorrando nas prateleiras mofadas das Lojas Americanas e nas rádios de paradas duvidosas.