The Strokes | One Way Trigger

No momento em que os Strokes decidiram, no meio da década passada, começar a soar diferente dos Strokes, eles já estavam tão perdidos e entediados que foi necessário seis anos para que eles tivessem vontade de começar de novo. Se “Angles” soa mais como um primeiro ensaio desse Strokes 2.0 – com todos os tapinhas nas costas, os sorrisos forçados e silêncios constrangedores desse tipo de reencontro – do que uma obra devidamente finalizada, o álbum foi um movimento importante para reagrupar, focar e esclarecer historicamente quem foram e quem são aqueles 5 rapazes de NY. Eles e todo mundo sabiam que não podia ser bom. “Você vai me esperar?”, perguntava um Julian Casablancas no meio de “Undercover Of Darkness”.

Corta para 2013 e o novo single “One Way Trigger” chega com a função de ser a borracha dos últimos 13 anos. Aqui, a banda inverte sua lógica, trazendo Julian do barítono para o falsete, travestindo e depois escondendo as guitarras entre o refrão e a segunda estrofe, quebrando cada pedaço da estrutura básica de uma canção dos Strokes. A faixa não é boa por si só – é sem dúvidas o pior primeiro single de toda a carreira dos Strokes – mas funciona por zerar a pesada carga de significado que anda junto com a banda desde 2000. “Você pode esperar por tudo isso?”, Julian questiona novamente no fim de “One Way Trigger”. É difícil dizer – Strokes em 2013 é algo tão anacrônico – mas pelo menos é bom sentir que a página está em branco outra vez.