Tom Zé | Tom Zé Mané

Novidade: Tom Zé sabe rir de sua persona. É claro que essa não é uma novíssima praqueles que acompanham o baiano, mas certamente é para quem se acostumou a ver uns quebrando a cara de outros, outros xingando no Twitter etc. Sendo assim, Tom Zé lançou “Tribunal do Feicebuque” e a pérola que abre o dito EP é o motivo dessa resenha. “Tom Zé Mané” mesmo fosse uma música comum já seria suficiente para ser pauta em todos os jornais do país (como foi). Não bastasse, a faixa é de felicidade imensa no terreno onde tocam seus pés. A faixa se inicia com o “Tada.wav” do Windows XP. Isso já seria bastante para completar a letra sensacional de Gustavo Galo (Trupe Chá de Boldo), Tatá Aeroplano e Marcelo Segreto (Filarmônica de Pasárgada).

O velho babão que baixou o tom abaixa (satisfeito) a cabeça pros comentários que sofreu à época de sua decisão de fazer uma locução para um comercial da Coca-Cola desenvolvido para promover a Copa do Mundo de 2014. “Que decepção! Traidor! Mudou de lado! Corrompido! Mentiroso! Seu sorriso engarrafado!” esbraveja o coro e, logo depois, o próprio Tom Zé. A faixa, então, abre passagem para um Emicida em versar iluminado (não antes de dizer “não é o Tom Zé que eu conheço! Se fosse do Dolly pelo menos!”). O rapper é, mais uma vez, uma coisa sensacional em uma faixa que está fora do seu repertório oficial (foi assim com “9 Círculos”, lembra?). Em “Tom Zé Mané”, Emicida abraça uma ideia que circula desde os tempos de Orkut sobre os que sofrem muito com o sucesso alheio, um certo tipo de inveja pseudo-artística conhecida como “síndrome de underground”. Aliás, a segunda tônica do EP. A primeira é reafirmar que Tom Zé ora é o “primo pobre” (sendo ágil com a pouca sorte de arranjos que sua recente carreira lhe propôs), ora se faz de “primo rico” da MPB (sendo genial aproveitando-se de toda a moral que tem).