Os Melhores Funks de 2016

A tradicional lista de funks do Fita Bruta chega a sua quarta edição.

Se você lê nossas listas de funk, já entendeu: passa um ano e o funk muda tudo dentro de si. E mais: a cada ano, uma lista de sub-vertentes surge com mais força ainda. E o pior: as pessoas ainda não entenderam que o funk é o gênero que mais traduz nossa sociedade. O nosso verdadeiro rock and roll. Mais violento, mais punk e, de quebra, mais dançante.

Nesse ano, aumentamos o número de indicações e temos três destaques com dois petardos na lista: MC Menor da VG (monstro!), MC Davi (monstro!) e MC Kekel (partiu?)

A gente faz essa lista desde 2012. De lá pra cá, você viu muita coisa mudar. O funk já comeu e cuspiu reggaeton, dancehall, cumbia e, mais recentemente, o EDM. MC Livinho, mesmo repetindo em todos os cantos que largaria a putaria, continua sendo um mestre em produzir o que melhor podemos fazer misturando funk e sensualidade. Tá de parabéns para além dos bigodes ostentados no Instagram (e o puto ainda é bom de bola). Apesar de todos esses remelexos, em uma coisa acertamos — e isso não muda: os grandes MCs ostentação não existem mais pro funk. Como dissemos nas listas de 2012 (veja) e 2013 (veja), o chamado funk ostentação passou e deixou vários corpos boiando no desastre.

Lamentavelmente, o gênero foi protagonista de um dos episódios mais tristes e brutais do ano. A canção “Mais de 20 engravidou” (do MC Smith e produzida por um dos melhores produtores do Rio, Byano DJ) foi citada explicitamente durante a filmagem (que viria a se tornar prova) do estupro coletivo que ocorreu no dia 21 de maio. Durante a filmagem, os criminosos mencionam um dos versos da canção — o que ajudou muito a confundir as autoridades a respeito de quantos rapazes estariam envolvidos no crime sexual.

A canção, de 2012, é a prova de como Estado e autoridades ainda dispensam pouca atenção e esforços para entender o funk como uma linguagem de urgência. A temática do estupro, pois, não era inédita em 2016, ano do crime. Pelo contrário. São quatro anos separando uma crônica de crime e o crime. Como sempre ignoradas, as áreas que se fazem de berço do funk, continuam criando suas narrativas a despeito do desprezo governamental.

Boa parte dessas histórias compõem o universo da arte mais rebelde do Brasil e é por esse motivo que as listamos abaixo, com muito orgulho. Entendemos que são sintomas de uma sociedade que reivindica muitas coisas renegadas ao usar sua própria voz e símbolos para cantar suas contradições.

Nos estendemos nisso em outro texto. Fechou? Mas vai dar ruim sempre — enquanto ignorarmos tudo e, principalmente, a força motriz cultural desse país: a periferia.

Voltemos: pra mim, 2016 é, de longe, o melhor ano do funk desde a nossa primeira lista. Tivemos revelações bem maneiras pós-“Passinho do Romano” no funk paulistano, muitos nomes sobreviveram após o primeiro hit, o funk carioca continua brabo, e o melhor: “Malandramente” e “Bumbum Granada” estão longe de serem os grandes destaques do ano. Não vamos destacar os piores momentos. Me arrependo das listas de “piores funks” feita em anos anteriores. mas não vou negar: que decepção pessoal o MC TH não ter conseguido se firmar.

ENTÃO, VAMOS LÁ: OS 25 MELHORES FUNKS DE 2016