Cobertura Novas Frequências: Tim Hecker, 08/12 @ Oi Futuro Ipanema

Fotos: Eduardo Magalhães/I Hate Flash

A última atração do Novas Frequências em 2013 era também a atração mais aguardada. Gozando de uma surpreendente boa vontade da critica e dono de presenças constantes nas listas de fim de ano das maiores publicações musicais do planeta, o produtor Tim Hecker chegou ao Rio como uma espécie de headliner do festival. O formato do festival não permite essa definição, mas a posição na programação e o destaque na divulgação da imprensa não deixaram muitas dúvidas: Hecker era a atração principal desta terceira edição. Ao sair do palco pedindo desculpas a quem esperou 10 anos para ver “somente isso”, o artista resumiu o estado das expectativas na plateia.

Só corrigindo, não foi “somente aquilo”. O canadense fez uma apresentação, em certos aspectos, impressionante. Mas vamos começar por um aspecto não impressionante: o palco. Sem luzes no palco, nem luzes sobre a plateia, a ideia era que os olhos não ficassem fixos no “homem do computador”, como usualmente acontece em apresentações de música eletrônica. Esse formato não funcionou plenamente porque a luz do corredor incidia diretamente no palco. E, então, estavam todos lá, olhando fixamente para o “homem no computador”.

O formato visual não funcionou. Porém, no aspecto primordial de uma apresentação musical, foi tudo quase perfeito. Não há muita coisa para ver, mas há muita coisa para ouvir. A música funcionou muito bem no teatro do Oi Futuro, com uma nitidez dos graves que até então não tinha sido percebida no festival (na apresentação do Demdike Stare, por exemplo, a falta de nitidez acabou favorecendo o produto inteiro). E Hecker gosta muito de graves. Fala-se tanto em ruído (e com razão) para descrever a música do canadense que essa característica é quase sempre esquecida. Ao vivo, não dá para deixar de lado: o corpo pulsa com a vibração pesada das produções de Hecker, num nível tão atordoante que, em muitos momentos, lembrava a apresentação memorável de Stephen O’Malley, no último sábado.

Dessa vez não foram distribuídos protetores auriculares, mas eles quase foram necessários. Como em estúdio, Hecker brincou com ruído nos mais diversos volumes, variando do som ambiente ao barulho quase ensurdecedor naquela característica velocidade paquidérmica que torna tudo ainda mais claustrofóbico. É como se ele extraísse o máximo de um pedaço de música (e se máximo for só barulho, não tem problema) e o fosse libertando aos poucos, até que ele volte ao seu formato inicial.

Mas a imensidão ficou restrita aos graves e ruídos. Em pouco mais de 40 minutos, Tim Hecker já estava se despedindo da plateia. Houve quem achasse tudo muito apressado, houve quem considerasse o tempo ideal para uma apresentação como essa. Possivelmente, daria para fazer um pouco mais, como o próprio admitiu ao deixar o palco. Ou, talvez, fosse só a sensação de que um dos grandes festivais do Brasil estava acabando cedo demais. Poderiam ser mais vinte minutos, mais festas como a do La Paz, mais oito grandes shows como esse no decorrer do ano que vem, mas estamos falando da noite na cidade do Rio de Janeiro…

Hora de voltar para a realidade: Novas Frequências, agora, só em 2014.