Planet Hemp @ Circo Voador (28/10/12)

A pilha certa da produção do Circo Voador em comemorar 30 anos de casa trouxe o inesperado show do Planet Hemp. A correira pelos ingressos da aparente apresentação única deixou muita gente surpresa. A banda, não. Sem rodeios, o Planet Hemp entregou exatamente o que o público esperava: um repertório de clássicos, ver os membros lado-a-lado no palco (mais ou menos, faltou o Black Alien) e a chance de quem é de rodinha punk brincar. Obviamente, a lei anti-fumo prevaleceu e ninguém estava fumando no Circo.

O show foi dividido em três atos, correlatos aos três álbuns da discografia, “Usuário e a luta pela legalização”, “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Para” e “A invasão do sagaz homem fumaça”. Um telão de imagens nítidas cobria o fundo do palco, numa produção que raramente o Planet dos 1990 teve. O início do show foi espetacular, com o baque de ouvir  a linha de baixo de “Não Compre, Plante!” e com uma sequência (“Legalize Já”, “Deisdazseis” e “Dig Dig Dig”) que dosou a agressividade com o flow característico da banda (nisso Marcelo D2 se saiu muito bem). Afinados com o repertório – D2 falou que foram cinco ensaios, “um recorde” – a banda cumpriu a expectativa. Não foi só o refrão apoteótico de “Legalize Já”, a sintonia e a saudade dos presentes eram tantas que até mesmo trechos difíceis de acompanhar foram seguidos.

Fotos por: Oscar Anjos Jr., Vitor Bier, Fernando Lira e Raphael

Por vezes, no meio do show, o compasso caía muito para o hardcore, em que BNegão foi soberbo no microfone. Faixas do álbum “Os Cães Ladram…”, “Adoled”  e “100% Hardcore” causaram rodas gigantes, numa espécie de delírio juvenil. Uma das mensagens mais repetidas por D2 era sobre como o tempo passara. Rever que a primeira cria só cresceu encheu os olhos e inflou o ego dele, um pouco imprudentemente. A vontade de aparecer não engessou o ótimo show, mas deixou um pé atrás sobre tudo aquilo.

O verso “nada pode me parar”, também nome do novo álbum de Marcelo D2, apareceu em meio a letras do Planet. Em dado momento do show, mais perto do início, ele fez questão de falar que estava tocando com os amigos. Apontou para Pedrinho (bateria) e lembrou de Bacalhau, numa fala em que deu a entender que ele estava ausente porque quis. E vale lembrar, D2 se envolveu recentemente numa polêmica sobre o nome do seu álbum — Bacalhau hoje toca no Autoramas, que tem um disco chamado “Nada Pode Parar Os Autoramas”; D2 foi acusado de plágio.

“Queimando Tudo” representa a toada da maior parte do show. Banda afinada, voz em tempo e público desesperado com a música. É notável como o Planet fez em poucos discos hits icônicos e faixas complementares que se consagram ao vivo.

Fotos por: Raphael, Gabriel Rezende, Fernando Lira e Leonardo Castilho

Imprescindíveis no catálogo sonoro urbano do Rio de Janeiro, os hinos “Zero Vinteum” e “Hip Hop Rio” foram gritados com força descomunal pelos presentes. Na balança do show, o hip-hop do Planet fica em vantagem com o do HC. Um momento especial do último ato do show foi em “Stab”, uma das músicas mais séries e engajada da banda. Foi impactante ver o coro do público na parte final da música, “gafanhotos nunca tomam de quem tem, predadores, senhores que mentem/ Esperem sentados a rendição/ Nossa vitória não será por acidente.”

Ainda na parte dedicada ao álbum “A invasão…”, a festiva “Contexto” provou ser uma das faixas em que os fãs estavam a mais tempo segurando o grito. Como Black Alien não estava lá, coube aos fãs cantarem a rima dele. Chico Science foi homenageado numa versão estendida da épica “Samba Makossa”, em que D2 citou o falecido Speed Freaks e o amigo Black Alien quando, no original, Chico cita Sabotage.

A setlist (confira a lista completa abaixo) chegou ao fim, a vontade de descer do palco não. O que fez a banda, novamente sobre o comando de D2, repassar algumas músicas tocadas na noite. Um revival recente do ansiado retorno aos palcos de uma das mais importantes bandas dos 90′. O resultado foi um medley com pequenas pausas de clássicos do repertório.

Com os fãs felizes o Planet se despediu do primeiro show da turnê de retorno. Um show memorável pelos hits e atitude do grupo. Mas a banda não é a mesma.

1. Intro (Não Compre, Plante)                                          2. Legalize Já

3. Deisdazseis
4. Dig Dig Dig

5. Planet Hemp
6. Fazendo A Cabeça

7. Futuro do País
8. Phunky Buddha
9. Mary Jane
10. Bala Perdida

11. zerovinteum
12. Queimando Tudo

13. Quem Tem Seda
14. Gorilla Grip
15. Seus Amigos
16. Nega do Cabelo Duro
17. Hip Hop Rio
18. Adoled
19. 100% Hardocre

20. Ex-quadrilha da Fumaça
21. Raprockandrollpsicodelia
22. Stap
23. Contexto

24. Procedência CD
25. A Culpa é de Quem
26. Samba Makossa

27. Mantenha O Respeito