No Estúdio: Inverness

Quem: Inverness
Álbum: “Ivana”
Quando: final de Março
Sai por onde: Apple Pie, selo da própria banda
O que já dá para ouvir: o b-side “Reflowering The Streets”, liberado no bandcamp

Ainda o “best kept secret” de São Paulo mesmo depois de 2 discos incríveis (“Forest Fortress”, de 2009, e “Somewhere I Can Hear My Heart Beating”, de 2010), o Inverness chega ao terceiro álbum com a intenção de parecer mais como “uma banda de rock convencional”, pelo menos dentro do estúdio. O pop psicodélico e espacial fica, mas se depender do b-side recém-lançado “Reflowering The Street”, o grupo deve soar mais direto e cru em “Ivana”.

Isso acontece porque pela primeira vez o quarteto formado por Lucas de Almeida, Marcio Barcha, Mateus Perito e Flavio Fraschetti abraçou a criação de suas músicas como uma experiência coletiva, com cada membro trazendo “partes” de canções, que são remoldadas por todo grupo.

Além dos 4, os fãs também passaram a ser parte influente na gravação do novo álbum, entrando com o dinheiro. Depois de investirem do próprio bolso nos trabalhos anteriores, a banda decidiu aderir a onda e captar fundos para gravar o disco através de um site de crowdfunding, o catarse.me. Entre as contrapartidas para os fãs que decidissem investir no álbum, estava o curioso prêmio de dar nome ao álbum, o que eles não imaginam que também poderia virar uma declaração de amor. A tal Ivana não colaborou com os 800 reais necessários para ter seu nome na capa do álbum, mas acabou recebendo de presente do namorado Thiago, uma bela história de amor melhor contada aqui.

Com entrada no estúdio para registrar “Ivana” marcada para o início de fevereiro, a banda tirou um tempo para contar ao Fita Bruta o que eles pretendem para esse terceiro álbum.

Fita Bruta: Em que estágio da produção vocês estão?
Inverness: Ainda não começamos as gravações, a previsão é que comecemos já no início de Fevereiro e que ela se estenda até o fim do mês. Equacionando mixagem e masterização, é provável que o disco saia no final de Março!

FB: Como foi ter o álbum financiado pelos fãs?
Inverness: Foi incrível, nunca tínhamos feito nada igual a isso antes. É uma ideia bem bacana e com certeza faremos de novo hehehe. É bom para o artista, é bom para o fã, talvez essa seja finalmente uma saída para a indústria fonográfica independente tão carente de infra-estrutura e financiamento.

FB: Li a história do título e achei demais. Como vocês se sentiram? Quando você tiveram a ideia de “premiar” o maior contribuidor com o título do álbum, o que vocês esperavam?
Inverness: O dia que aconteceu tive que ligar pra todo mundo que eu conheço pra contar a história, de tão boa! Dá um filme isso aí! Quando colocamos o prêmio, nunca pensamos que alguém fosse doar aquela quantia. Ainda bem que estávamos errados! O nome serviu muito bem, combinou perfeitamente com o disco, a circunstância – combina até com o nome da banda!

FB: Essa escolha inusitada do título influiu no rumo que vocês buscavam para o disco?
Inverness: Sim! Nós estávamos com problemas para achar um título que casasse bem com as músicas e não queríamos dar ao disco o título de uma das músicas novamente (como fizemos nos últimos dois). Quando descobrimos que o nome ia ser “Ivana”, tudo começou a fazer mais sentido e isso redobrou nossa vontade de fazê-lo.

FB: Ouvi “Reflowering The Streets” e achei bem mais direta, menos onírica que o que vocês tinham lançado antes. É esse o caminho que vocês estão seguindo no “Ivana” também?
Inverness: Com certeza. O nosso sampler está juntando teias de aranha já! O processo todo desse disco foi mais colaborativo, em todos os aspectos. Quando antes nós compúnhamos as músicas em casa, já com vários efeitos e partes prontas e só assim a levávamos para o ensaio e “aprendíamos” a tocar as nossas próprias músicas, agora o processo se parece mais com uma banda de rock convencional: um leva uma base ou um riff e trabalhamos em cima disso até chegar em uma música. A ideia também foi só tocar o que conseguimos tocar ao vivo mesmo, nada de sacrificar partes da versão gravada pra tocar ao vivo. Isso foi um refresco que precisávamos muito depois do processo de gravação/mixagem do “Somewhere”.

FB: Alguma música em especial que vocês estejam realmente empolgados?
Inverness: Praticamente todas! Tem a “Paper Shadows” que vai ganhar clipe dirigido pelo nosso querido Lucas Perito, o mesmo que dirigiu o clipe de “Tongueling” do Forest Fortress. Tem também a “Fear of Rain” que temos tocado há um tempinho nos shows, tem a “From Circle to Circle” que talvez seja nossa música mais experimental até hoje, tem a “Let There Be Night” que é um épico pós-rock/shoegaze/canto renascentista… tem um monte de coisa!

FB: Quando vocês pretendem lançar? Tem algum selo envolvido?
Inverness: O lançamento está previsto para o final de Março, mas logo teremos uma data mais concreta! Novamente, por enquanto, nenhum selo envolvido além do nosso próprio (o selo mais forever alone do mundo, a Apple Pie), o que é a mesma coisa que dizer: lançaremos novamente de graça online e venderemos cópias físicas pra quem for nos shows e pra quem quiser online também. É claro que quem contribuiu no catarse.me vai ganhar sua cópia também!