El Cuarteto De Nos | Porfiado

El Cuarteto De Nos

Porfiado

[Warner; 2012]

7.0

ENCONTRE: Site oficial

por Túlio Pires Bragança; 28/06/2012

O Cuarteto de Nos, uma das melhores bandas do rock en español, está com um novo cd: “Porfiado”, 13º disco desses tiozões que são algo como Os Titãs do rock platino. Estão na estrada desde os anos 80 mas, ao contrário da banda de Paulo Miklos e cia, ainda continuam com um trabalho sólido.

“Porfiado” parece o capítulo final de uma trilogia que começou com “Raro”, em 2006, (provavelmente você tenha visto o clip de “Yendo a la casa de Damián” no canal Sony essa época) e se desenvolveu com “Bipolar”, em 2009. Foi a partir deste segundo álbum que a banda foi catapultada para um sucesso mainstream latino e desenvolveu um tipo de fórmula para suas músicas: ritmos variados desde o rock, cumbia e hip-hop, abusos de efeitos eletrônicos e letras inteligentes ultra psicológicas com histórias de personagens obsessivos que beiram à loucura. Tipo aquele amigo estranho genial que ganha a simpatia de todos pelas suas tiradas engraçadas e ácidas.

Se nos dois primeiros álbuns essa fórmula resulta em ótimas canções como “Breve descripción de mi persona” y “Ya no sé que hacer conmigo”, hoje, vemos um desgaste importante: o Cuarteto já não nos estusiasma com suas canções.

Há, no entanto, algumas ótimas faixas com o melhor estilo da banda: histórias carismáticas, letras inteligentes e rimas surreais. “Buen dia Benito” (onde um garoto que sofreu bullying volta para se vingar) e “Cuando sea grande”, quase uma consulta com um psicólogo,  de solos e refrões poderosos;  os momentos mais inspirados da banda.

Em “Porfiado”, estão os sons sintetizados misturados com vozes de tune in, os ritmos variados, o vocal meio rapeado, as letras ácidas, mas… falta regularidade. Existe músicas um tanto quanto infantilóides (talvez para agradar o público cada vez mais jovem da banda) e bem menos genialidades nas letras. Parece que o estoque de sacadinhas irônicas se esgotou.

Mesmo assim, Porfiado é um bom disco. É, ainda, um disco acima da média se comparado com qualquer do gênero fabricado no Brasil, um gênero que parece acéfalo em suas letras. Tente pensar rápido e sacar qual o melhor letrista do rock brasileiro dos últimos anos? Difícil chegar a um nome. Escute o que Roberto Musso tem a dizer e compare. Mesmo sem muita inspiração, esse montevideano humilha qualquer rockstar brasileiro.

“Porfiado” seja, talvez, um ótimo disco para quem não conhece a banda. Pros fãs, certamente uma decepção. Esperam muito mais do que a repetição das mesmas fórmulas. É mais do mesmo, sendo este mesmo de um gosto rançoso de algo que já venceu a validade.