Death Grips | The Money Store

Death Grips

The Money Store

[Epic; 2012]

7.8

ENCONTRE: iTunes

por César Márcio; 27/04/2012

Nesses tempos de superpopularidade de MMA, temos também na música exemplos de gente que ganha a vida se impondo pela força. Esse é o caso da banda-sem-gênero (ou com excesso de gêneros) Death Grips, grupo que vem angariando na base da porrada uma legião de fanáticos que juram ter ouvido a última reserva de criatividade na música pop. De fato, a abordagem maximalista do hip hop os colocam em posição quase isolada no cenário (próximos, talvez, do Odd Future ou Shabazz Palaces). Mas na sua estreia por uma grande gravadora, “The Money Store” (lançamento Sony/Epic, vejam só), o tom da violência se torna mais espetacularizado. Como se, inconscientemente, reforçasse o paralelo com o show das artes marciais.

Embora continue se comportando, no geral, como uma versão universitária do Suicidal Tendencies, o Death Grips tenta expandir a paleta sonora de “Exmilitary”, seu bom primeiro álbum/mixtape. E obtém grande êxito logo na abertura, “Get Got”, faixa de acento soul, parente de alguma coisa de “Cosmogramma”, terceiro do Flying Lotus. Na sequência, a banda que dividiu opiniões com controvérsias do calibre de “Guillotine” não deixa o ouvinte respirar, seja pela contundência do flow old-school de MC Ride, ou pelo background abrasivo e mutante criado pelo produtor Flatlander em conjunto com o baterista Zach Hill (Hella).

Existem faixas remanescentes desse estilo (“Lost Boys”, “Blackjack”, “Bitch Please”) mas a intenção agora foi ocupar melhor os espaços. Não é exatamente uma estratégia para soar mais simpático (a audição, em geral, ainda deve melindrar ouvidos menos acostumados com barulho), mas ajuda a tornar o embrulho mais atraente. Não é surpresa o deslumbre com que as publicações modernetes encaram a última faixa desse álbum, a provocativa “Hacker”, que traz no refrão “I’m your area” sua intenção de perverter a mauriçada electro.

Mas a agressividade aqui não está na postura de MC Ride e o tom das suas letras que, numa análise mais focada, parecem bastante convencionais. Se o refrão de “Hacker” não aparecesse acompanhado de um nervoso background disco, toda violência ficaria restrita só ao discurso. Não é o caso. Sendo assim, o Death Grips justifica os elogios fazendo a transição da sua agressividade para um ambiente mais espetacularizado (comercial mesmo, nesse caso), passando longe de emular uma versão musical de Telecatch.