Lee Fields And The Expressions | Faithful Man

Lee Fields And The Expressions

Faithful Man

[Truth And Soul, 2012]

6.5

ENCONTRE: Site oficial

por César Márcio; 10/02/2011

Se alguém poder ser chamado de revivalista nesse cena neo-soul de Amy Winehouse e Mayer Hawthorne, esse é Lee Fields. Com mais de 40 anos de uma carreira que já o levou a dividir palco com Kool & The Gang e O.V. Wright, o cantor realmente viveu o soul nos anos 70 e desde os anos 90 (época em que Sharon Jones era apenas sua backing vocal) vem lançando discos que pavimentaram o caminho até o estouro de Back to Black, de Winehouse, em 2005. Com o lançamento de “My World” ao lado da banda de apoio The Expressions, há três anos, o vocalista viu sua audiência se multiplicar. Nesse sentido, o resultado de “Faithful Man”, seu mais recente álbum, é bastante previsível: Fields não se arrisca e se embrenha entre os companheiros de cena para se manter onde está.

Em seu ínicio, o disco dá sinais de uma vitalidade que não se repete no seu percurso, principalmente na passionalidade da faixa título e o ensolarado primeiro single, “You’re The Right Kind of Girl”. Nele, a cancha adquirida acompanhando tantos nomes influentes é vista claramente na maneira que ele defende com paixão uma letra de certo modo tola à frente de uma banda apenas correta. O uso da expressão “ensolarado” é até literal: o homem brilha de verdade.

Nesse ponto, “Faithful Man” para e não oferece muitas alternativas ao ouvinte. Na caixinha sintética de “Intermission” reside uma esperança de encontrar um Shuggie Otis escondido em Fields mas ela se encerra por ali mesmo. No final, novamente, é a performance do soul man que retoma a atenção do ouvinte em “Walk On Thru The Door”, faixa que encerra o disco com disposição semelhante a demonstrada no ínicio. Mesmo rápido (a contagem não chega a 40 minutos), o álbum não é tão redondo quanto aparenta por apostar que seu público alvo espera previsibilidade.

E previsibilidade significa caminhos distintos, não necessariamente prejudiciais ao artista. Se é, por um lado, decepcionante ouvir um disco quase sempre trivial, por outro, é bem provável que esse álbum “comum” sedimente o nome de Fields entre os amantes do gênero. E, por linhas tortas, a previsibilidade acabaria fazendo justiça.