Lilacs & Champagne | Lilacs & Champagne

Lilacs & Champagne

Lilacs & Champagne

[Mexican Summer; 2012]

6.0

ENCONTRE: Site oficial

por César Márcio; 05/03/2012

Na ocasião do lançamento do primeiro single do Lilacs & Champagne, em parceria com o companheiro de Grails Alex Halls, Emil Amos enumerou alguns artistas que considerava influentes na concepção do novo projeto. Dada a natureza deste novo rebento (música feita com samplers, sucintamente), as escolhas de nomes com J Dilla, Madlib e Brian Eno não foram das mais surpreendentes. Um lembrança, em especial, chamou atenção: Lou Barlow, por “Poledo” do Dinosaur Jr. e, posteriomente, pelas colagens nos discos do Sebadoh. Essa influência é a mais perceptível em Lilacs & Champagne, álbum que se utiliza dos procedimentos do hip-hop mas não parece ter afinidade com o gênero.

O técnica é a manipulação dos trechos com um MPC, à moda Dilla/Madlib, preenchidos com instrumentação e edição posterior, como DJ Shadow. Mas para ser fiel à natureza psicodélica do seu projeto original, a dupla sabota o protagonismo desses samplers a favor dessa pós-instrumentação, fazendo de sua estreia um confuso mas ocasionalmente interessante Frankestein-sampleiro. O melhor exemplo do que é feito no disco está em “Nice Man”, faixa que coloca os beats em posição frontal e deixa o curioso trecho em que um pastor alerta para armadilhas do demônio em segundo plano.

Por essa característica, mesmo sendo uma coisa toda nova em relação ao Grails, a aventura trip-hop de Halls e Amos não deve assustar os que admiram o espaçoso post-rock da banda. Como nos experimentos de Lou Barlow no Dinosaur Jr. e Sebadoh, a intenção aqui é deixar claro que trata-se de colagem sobre música. É uma inversão da bem sucedida relação de Dilla com os samplers, onde estes não são acessórios, mas instrumentos.

Só que, na prática, a teoria do Lilacs & Champagne pode deixar impressão de certo desleixo e inexperiência no uso dos procedimentos. “Laid Fucking Back”, por exemplo, deixa o trecho vocal tão de lado, que em certos momentos, parece apenas um exercício de aquecimento para o Grails. E, num terreno que muita gente dá aula, esses alunos aplicados mas tímidos vão ter que fazer prova final.

* Resenha originalmente publicada no Lo-Fi Dream.