Maroon 5 | Overexposed

Maroon 5

Overexposed

[A&M/Octone; 2012]

3.5

ENCONTRE: Site oficial

por Túlio Brasil; 19/06/2012

Incomoda uma certa baixa estima do pop atual. O gênero das músicas que bombam, tocam nas baladas e animam a galera assídua das FMs jovens vive de uma bengala terrível. Uma dependência criada sem razão. “Overexposed”, novo álbum do Maroon 5, reafirma o título com a super exposição de músicas no que há de mais gloss dentro do esquete do mainstream musical.

Por bengala ou gloss entende-se a pós-produção genérica comum dos últimos cinco anos. Os ídolos pop peculiares ficam presos na questão estética e, musicalmente, insistem na mesmice. Auto-tune, o filtro na voz, é de lei; nos refrões, o andamento acelerado não reflete a eficácia da banda, é antes um mérito da edição, uma simulação; e tons agudos, numa camada sintética “para dançar.” Aqui não pretendo construir um manifesto conservador sobre uma suposta decadência da música. Vamos passar longe disso, por favor, até porque muitos desses truques semeiam há anos a Billboard. São apenas constatações do caminho que a indústria criativa opta por seguir. Protagonista com cara de coadjuvante, o Maroon 5 não ousa questionar.

Poucas faixas se saem bem “Overexposed”. Otimizado demais nos padrões, o primeiro single “Playphone” não tem a pinta de hit que “Move’s Like Jagger” inspira. Lenta no início, o ouvinte da rádio chega junto. A música acelera e ele bate o pé. Mal percebe e já está dançando e, olha só, ainda tem o feat Wiz Khalifa. Alimenta o público cativo e quem não gosta muito vai dançar bêbado na boate. Para contagiar mais gente, essa não tem força. Coloque na conta também “The Man Who Never Lied”, “Fortune Teller” e “Beautiful Goodbye”, três tentativas frustradas.

Quem topa ir num show do Maroon 5 representa uma maioria vendida na cultura de single, para quem o álbum virou uma mera formalidade. Ainda bem, pois seria difícil passar mais de 40 minutos regulamentares num disco do M5. A síntese deles não é demérito, fazem o que dá para vender. É o single mais duas ou três músicas candidatas para prosseguir a divulgação. “Lucky Strike” é a mais palatável nesse emblema party-rock da banda americana. A tentativa de balada, em “Sad”, é risível. Tomara que ela fique longe dos investimentos, mas é aquilo, né, vende. Quase homônima de “One More Time” — eles brincam com isso em “Love Somebody”, também — “One More Night” transita do reggae para o dance e dá certa liga — é o segundo single no álbum.

Geralmente, os transgressores aparecem em temporadas sazonais e surpreendem. Passa longe da necessidade habitual uma figura que abra a caixa de novo. A expectativa do Maroon 5 não é essa, nunca foi. Eles querem fazer música para as meninas dançarem. De Franz Ferdinand a Carly Rae Jepsen, tem bastante gente que faz melhor. E o sucesso não é um objetivo medíocre. Alguns álbuns para o sucesso são exemplares; já outros, passam. “Overexposed” pouco será lembrado porque é ruim. Já a banda, se continuar maroonfiveando, dura até a nostalgia bater.