Pazes | Limbo EP

Pazes

Limbo

[Independente; 2012]

5.0

ENCONTRE: Soundcloud

por César Márcio; 11/05/2012

Muitos dos elogios que Lucas Febraro recebe terminam com um empolgado “parece artista internacional”. De fato, o Pazes, sua identidade artísitica, parece cria de um artista internacional: avessos como somos a música eletrônica, dificilmente vemos nossos irmãos de pátria lançando trabalhos tão bem produzidos, tecnicamente falando, como esse EP “Limbo”, lançado às vésperas da apresentação na edição paulista do festival Sónar. Ou seja, temos aqui mais um artista internacional, mais um garoto usufruindo das facilidades da tecnologia atual, mais um técnico, mais um, mais um…

E é mais um porque “Limbo” quase não tem coração. Se a tal da Red Bull Music Academy fosse uma universidade mesmo, Febraro terminaria o curso sem grandes dificuldades, com destaque para as notas nas aulas de Kieran-Hebdanismo (“Faders” e a faixa-título). Porém, ao se deparar com situações que se distanciam daquelas mostradas pelos professores, o aluno provavelmente não saberá o que fazer. E repetirá os que os professores ensinaram. E dificilmente será um profissional destacado. Enfim, mais um.

E “Limbo” quase não tem coração porque Febraro mostra na última faixa que é, sim, capaz de oferecer outras alternativas: quando as batidas intermitentes em “The Light” ganham corpo techno e sugerem um artista bem menos confortável com “participações especiais” do que o ouvido até então. Perdoem o clichê estúpido, mas a posição da faixa é um convite a classificá-la como uma luz no fim do túnel.

Como são poucos os artistas do gênero no cena brasileira, não dá para deixar de fazer um paralelo com o Psilosamples (não é coincidência que esse também faça parte da versão brasileira do Sónar), artista novo, de influência semelhantes, mas que vê sua música com um olhar mais bem humorado, mais regional e, por consequência, mais criativo. Convém deixar claro que essa não é uma defesa do regionalismo, mas um ataque à subserviência. Seguindo essa perfeição técnica, o máximo que o Pazes conseguirá é um empolgado elogio que termina com “parece artista internacional”.