Shonen Knife | Pop Tune

Shonen Knife

Pop Tune

[Good Charamel Records; 2012]

7.2

ENCONTRE: iTunes

por Renato Costa Neto; 12/09/2011

O rock tem seu sistema de cotas. Todo mundo tem um amigo que sempre cita uma banda de um país distante (fora do eixo EUA-Inglaterra) para compor a sua geopolítica de downloads e estabelecer a “democracia” de gostos musicais. França, Suécia e Argentina sempre tentaram desbancar este ranking, que tem na Islândia (piada pronta) e no Japão os seus maiores representantes.

Pizzicato Five, The 5,6,7,8’s, Vivisick e as rainhas do Shonen Knife sempre são lembrados nas listas dos mais-mais. Bandas que trouxeram elementos do pop americano e inglês para seus trabalhos e que ganharam espaço na mídia mundial e fãs pelo mundo. As experientes garotas, que estão na estrada desde 1981, lançaram o seu mais novo trabalho, “Pop Tune”. E assim como na discussão do sistema de cotas (se ele funciona ou não), é preciso ter paciência com o novo trabalho do Shonen Knife. As primeiras cinco músicas retratam tudo aquilo que já estamos cansados de saber das bandas punk japonesas: tudo meio bagunçado, mal tocado, mal cantado, o que (até outra década) era um charme no mundo indie, mas que hoje não causa tanto frisson. Até os títulos das canções soam bobos demais: “Welcome to the Rock Club”, “Osaka Rock City”…

Mas eis que, quando você se prepara para reprovar as japonesas, a “segunda metade” do disco surpreende. “Psychedelic Life” (uma espécie de Jefferson Airplane divertidaço), “Mr. J” (se gostas de Best Coast, amará esta canção), “Ghost Train” (trilha sonora de roler derby), “Sunshine” (os irmão Gallagher aprovariam fácil) e “Move On” (a melhor do disco, com suas pitadas 60’s e os backings muito bacanas) salvam a tarde ensolarada das meninas e trazem elementos um pouco mais criativos (flautas, ritmos quebrados, influência hippie/psicodélica) ao ingênuo “1,2 3,4” do punk rock nipônico. E com isso, o Japão ainda se mantém no ranking das cotas indies, por ser referência de rock honesto, mesmo que soe datado em certos momentos.

Por falar nisso, tem uma banda mexicana…