Sleigh Bells | Reign Of Terror

Sleigh Bells

Reign of Terror

[Mom+Pop; 2012]

3.7

ENCONTRE: iTunes

por Túlio Brasil; 13/03/2012

Falta muita pretensão em algumas bandas surgidas do final da década passada. Presas em micro conceitos, elas atingem uma popularidade localizada e se mantém com seus seguidores de momento. Nada de ruim nisso: nem todos almejam popularidade generalizada ou se importam se vão durar apenas dois álbuns, só que a banda, por ficar presa em um grupo, cria uma série de limitações.

O duo do Brooklyn formado por Derek Edward Miller (guitarra) e Alexis Krauss (vocal) responde pelo nome de Sleigh Bells, mas poderia não ter um nome também. Eles gostam de guitarras barulhentas; não descartam um filtro de voz e batida bem marcada no estilo pop comercial; gostam de gritos (ele) e quase gemidos (ela); e envolvem tudo isso numa camada obrigatória de sons sintetizados. Isso se chama noise pop, mas também poderia ficar sem um nome. Se o Sleigh Bells tem alguma coisa a dizer, falta traduzir isso com personalidade.

“Reign of Terror” é o segundo álbum de estúdio do duo. Na aposta pelo noise pop, o paradoxo da combinação de canções melódicas distorções agressivas falha em ser contrastante e soa sacal. A abertura com “True Shred Guitar” é uma simulação de um show de rock de arena, bem daqueles que o Tico Santa Cruz exclama “é rock’n’roll de verdade, p*!” Pista falsa sobre o resto das músicas, só expõe uma vontade de fazer um som para ser ouvido em volume alto. A representação típica do “roqueirismo” não é o único laço de “Reign of Terror” com chavões da música.

“Comeback Kid”, “End of the LIne” e “You Lost Me” evidenciam como as músicas do Sleigh Bells se formam por justaposição de standards pop com a eventual entrada de uma guitarra distorcida no contratempo. Barulho e ritmo se misturam numa zona, no que a banda espera atingir como “música para ouvir no talo”, criando uma desarmonia entediante que não é muito interessante de se ouvir, baixo ou alto. Bandas como Death From Above 1979 deixam o pop um pouco mais de lado e se concentram no noise conseguem transmitir um instinto. O DFA é sexy e estúpido, para ouvir alto mesmo, a configuração do som perpassa uma carta de intenções para impressionar e se torna efetivamente agressiva. Vontade que o Sleigh Bells ainda não mostrou.

No vai-e-vem do Sleigh Bells não se tira nada, eles se preocupam mais em transparecer uma superficialidade do que agir para criar uma manifestação concreta. Realizam isso numa estrutura viciada para ouvidos viciados, agradando, então, aos poucos que mais querem simular um estado de euforia do que propriamente ouvir música. E o fruto disso é certo: apreciação efêmera com data de validade pré-vencida.