The Beach Boys | That’s Why God Made The Radio

The Beach Boys

That’s Why God Made The Radio

[EMI; 2012]

5.5

ENCONTRE: iTunes

por César Márcio; 13/06/2012

Não parecia fácil de imaginar que o disco que marca a volta ao estúdio dos Beach Boys 20 anos após seu último lançamento seria assim tão, tão triste. Era fácil imaginar que seria um disco potencialmente odioso como “Lulu” e que isso seria motivo de diversão por um tempo para, cinco ou seis meses depois, reavaliá-lo considerando não ser tão odioso assim. Era fácil imaginar, por outro lado, que seria um disco tão adorável que os americanos iriam chamá-lo de “perfeito disco de verão”, porque americanos podem ser estúpidos nesse nível. Mas o que se ouve e o que se vê em “That’s Why God Made The Radio” não é nada tão simples assim. É a verdade sobre o tempo, sobre como ele leva as coisas, as pessoas e as oportunidades. É um retrato equivocado e inconveniente da velhice, um momento da vida no qual, aparentemente, só seríamos capazes de rascunhar nossos grandes feitos.

Vê-se, por exemplo, que até a influência dos Beach Boys, superaderida na cultura pop e na maneira como se faz música pop, contribui para a pouca importância desse retorno. Quando o que ouvimos aqui passa como um número qualquer do Rock AM americano, ou como uma balada-lual de Jack Johnson, ou como um rockzinho do Weezer, fica claro que uma volta comedida como essa não parecia necessária.

E todo esse tato para evitar dizer que estamos diante de uma bomba não é por respeito diante do gigante. Embora resvale na inconveniência de uma “Kokomo” em algumas faixas (“We got biiiitches in mind” poderia facilmente ser uma linha torta do rock farofa dos anos 80 – mesmo todo mundo sabendo que eles são os Beach Boys e tem “beaches in mind”), “That’s Why God Made The Radio” reserva alguns momentos de inspiração. Eles vêm, quase todos, em forma de suite, no final do disco, quando uma fagulha parece acender as conexões neuronais de Brian Wilson. “From There To Back Again”, “Pacific Coast Highway” e “Summer’s Gone” (essa finalizada com a ajuda de, pasmem, Jon Bon Jovi) surgem tão imponentes e cientes da importância de seu compositor que parecem até deslocadas, após tanta melancolia. Posicionada assim e com um título como esse, “Summer’s Gone” reforça a visão triste do envelhecimento que esse disco, até inconscientemente, passa. De qualquer modo, em pouco menos de 10 minutos, os Beach Boys dão sentido a esse disco-comemoração de 50 anos de carreira.

As pessoas que o tempo levou (os irmãos de Brian, Carl e Dennis Wilson) são perdas irreparáveis, mas não essas ausências motivadoras da tal atmosfera de melancolia. É, na verdade, uma afirmação constante ouvida durante essas dozes faixas (em algumas, de maneira mais intensa) dizendo que, embora Brian Wilson e Mike Love queiram repetir os feitos dos anos 60 e 70, eles simplesmente não conseguem.