Twin Shadow | Confess

Twin Shadow

Confess

[4AD; 2012]

3.5

ENCONTRE: iTunes

por César Márcio; 09/07/2012

É algo que parece condição desta geração atual de músicos, especialmente destes que pertencem a essa cena retro (retrógrada) em que o Twin Shadow pode ser enquadrado: não existe mais sutileza, tudo é feito da maneira mais direta possível. Sendo assim, um álbum como esse “Confess”, segundo do produtor (é assim que ele é chamado) George Lewis Jr., é apenas sintomático: pegue somente a ideia mais estereotipada do que foi a música dos anos 80 e replique, sem profundidade alguma, com a absoluta certeza que a geração de ouvintes que o acompanha só se importa com o pacote estético oferecido. Acrescente aí a condescendência publicitária das grandes publicações musicais, que fazem piada de Sting e Phil Collins, mas certamente irão amar esse disco.

Então dirão para você que este disco foi inspirando em passeios de motos matinais em Los Angeles, o que faz parte daquele pacote já mencionado. Nesse caso, nenhuma mentira: se você está andando de moto, de manhã, a única coisa que você consegue ouvir com atenção é barulho de buzina e do vento. Não há espaço para música ali, a não ser aquela mais pueril possível, a que tenta a todo custo ser percebida no meio da rua. E é disso que “Confess” é feito, basicamente.

Pense numa banda qualquer de sucesso dos anos 80 e você ouvirá aqui uma versão condensada, quase parodiada da sua música. Police? Temos “Run My Heart” para se aproveitar de ganchos que até Sting teria vergonha de utilizar em 2012. Human League? Temos “When The Movie Is Over” para a galera que sentiu saudade depois de uma partidinha no Song Pop. E se, provavelmente, os shows do Information Society terão bom público no Brasil neste mês, “Beg For Tonight” mostra-se um bom aquecimento para quem procura esse tipo de diversão perigosa.

Dito isso, pode parecer que o principal problema de “Confess” é ser deslocado no tempo. Não é, pelo contrário: “Confess” está fortemente atrelado ao “moderno” ou, pelo menos, a essa visão equivocada do que é moderno na música pop atual. Pense, se os artistas “homenageados” aqui lançassem discos com esse mesmo material preguiçoso e extremamente referencial? Dificilmente conseguiriam alguma coisa além do desprezo geral (veja os últimos discos de estúdio de Cure, Pet Shop Boys e Duran Duran). Isso porque esses artistas não conseguem mais conversar com a geração atual. George Lewis Jr. (ele é produtor, certo?) sabe que essa geração só consegue conversar por imagens.