Zammuto | Zammuto

Zammuto

Zammuto

[Temporary Residence; 2012]

6.9

ENCONTRE: Site Oficial

por César Márcio; 15/03/2012

O quociente da divisão de bandas (de bandas com mais de um elemento chave, ao menos) é resultado de matemática pura. Veja o que aconteceu com o Battles, por exemplo, apesar dessa não ser uma divisão clássica (parte da banda continua com o mesmo nome): Tyondai Braxton levou a grandiosidade, o flerte com o clássico e com o jazz para seu projeto solo, deixando a ferocidade percussiva e o simulacro de música eletrônica de pista ocasional com o restante do grupo. Desta forma, era até previsível o que viria a ser o Zammuto, projeto apropriadamente intitulado de Nick Zammuto, ex-metade do Books, um dos mais interessantes nomes da música eletrônica nos últimos 15 anos que, infelizmente, anunciou sua dissolução no início de 2012.

“Zammuto”, o disco, é o Books, se esse fosse só de Nick. A característica principal permanece e, sendo assim, o fã descontente da dupla terá motivos para se confortar com a conhecida habilidade para alinhar incontáveis fragmentos das mais diversas fontes com um componente orgânico predominantemente acústico. Porém, em seu primeiro rebento solo, há uma clara predileção por uma composição mais clássica, permintindo-o, de certo ponto de vista, ser encarado até como um disco de canções. Com esse foco em melodia e vocais compostos, esta poderia ser considerada uma continuação lógica do caminho iniciado em “Lost and Safe”, o trabalho mais “cantado” do Books, e interrompido pelo fantástico “The Way Out”, em 2009.

O álbum tenta se equilibrar entre paixões antigas (“Zebra Butt”, a ótima “F U C – 3 P O” e a sensacional brincadeira “Crabbing” são tipicamente bookianas) e o novo e obsessivo caso de amor de Nick Zammuto com o vocoder. Usado em doses titânicas, o recurso (que, diga-se, vem sendo utilizado excessivamente na música, em geral) deixa certo pavor de encontrar Nick Zammuto cantarolando “do you believe in love after love?” numa faixa qualquer. Outra questão bem curiosa surge na espiritualizada “The Shapes of Thing to Come”, faixa que supreendentemente, lembra o Porno For Pyros, se o humor do ouvinte permitir.

Numa outra estúpida associação matemática, pode-se dizer que, para se manter com o mesmo número de laranjas, Nick Zammuto teria que compensar a perda de algumas que Paul de Jung levou na separação. E, mesmo com a liberdade do projeto solo, o talentoso guitarrista não conseguiu. Resumidamente, a continha seria: The Books – Laranjas do Paul = “Zammuto”.