No Brasil, algumas drogas são de lei em qualquer comemoração. A última a se tornar muito popular entre os teus amigos foi o êxtase. Mas é o lança-perfume que resistiu a todos os modismos: está aí desde vovó.

É o que fez MC Bin Laden. E antes que você me pergunte quem é, eu gostaria de uns minutos seus dedicados a essa a capella maravilhosa (tente imaginar que esse é o nosso melhor jeito de ser Bon Iver — sem choro, nem vela: com funk carioca):

Em “Lança de Coco”, o paulistano MC Bin Laden antecipa o sucesso que será “Passinho do Faraó”: um tiquinho de non-sense com uns adendos de piada interna. Com direito a reprodução do zumbido pós-super dosagem (“olha o tuiiiiiiiiiin”), Bin Laden ainda ilustra tudo em um videoclipe oddfuturístico e bem barato. Ah, e com participação do moleque-bem-pirado do clipe do “Passinho do Faraó” — preste atenção, ele é a vedete dos comentários de ambos os vídeos. No mínimo, é uma piada interna bem sucedida pelos roteiros das produções. Fora isso tudo, “Lança de Coco” é um bom hit e sua brevidade evita que a música se torne maçante (um dos grandes erros no funk paulistano é esticar canções que deveriam durar pouco mais de um minuto). Aqui, MC Bin Laden se aproxima um pouco mais do funk carioca: ao que parece, o humor é uma tônica das suas músicas — não o humor escancarado, mas implícito pela falta de constrangimento (que permeia quase todo o gênero) na exposição de certos temas.