Artistas sertanejos expandem trincheiras após sucesso de Teló

Mais do que uma questão de gostar ou não, é indiscutível que o sertanejo virou um novo objeto de exportação da cultura brasileira. O formato ‘universitário’ botou elementos de raiz num contexto pop. Os hits tomaram o país e avançaram até em territórios de resistência clássica, como o Rio de Janeiro, que hoje tem casas com programação ‘sertaneja’ regular.

Se pensar em ir além das fronteiras brasileiras e atingir a Europa era surreal há bem pouco tempo, num mundo pós-“Ai Se Eu Te Pego” soa como uma interessante (e arriscada) estratégia comercial para artistas e empresários. Michel Teló, que estourou no mundo inteiro o tal hit, logo fez uma versão em inglês e agora programa shows no velho continente. Ele gravou um vídeo endereçado aos brasileiros residentes em Londres, mas sabe bem que a maioria de seu público ali não fala português.

Fenômeno sertanejo antes de Michel, Luan Santana vinha visando há mais tempo uma carreira internacional, que só agora deve começar a acontecer. Serão três shows nos Estados Unidos, passando pelos estados da Flórida, New Jersey e Massachussets. O blog Universo Sertanejo informa que Gusttavo Lima, João Neto & Frederico, Victor & Leo, Jorge & Mateus e Paula Fernandes também farão turnê internacional.

Ainda segundo o referido blog, Paula confirmou participação no DVD do colombiano Juanes. Ela participará de show do cantor em Miami na próxima quarta (01/02), que será registrado para um “MTV Unplugged”. Esse dueto ao vivo é a segunda parceria internacional da musa sertaneja, a primeira foi gravada a distância com Taylor Swift, música que teve seu clipe lançado ontem no intervalo do “Fantástico” e parece mais um esforço da gravadora de explodir a americana no Brasil do que o inverso.

Gigantes no interior, mas ainda carentes de uma maior exposição nacional, Jorge & Mateus têm planos ambiciosos. Eles vão gravar um DVD no Royal Albert Hall em Londres, mesma casa que recebeu recentemente a gravação do DVD de Adele. O show deve acontecer no meio do ano e será um dos dois lançamentos que a dupla fará em 2012.

Num cenário em que os artistas parecem em constante Guerra Fria, as possibilidades globais abertas por “Ai Se Eu Pego” tem mais cara de desfile de armas do que uma estratégia real de dominação mundial. Enquanto a roda não gira no Brasil a favor de outro gênero (pagode, tecnobraga, forró?), a situação parece confortável para os sertanejos fazerem sua partida de “War”. Só vale lembrar que as trincheiras continuam e provavelmente sempre estarão por aqui.