Best Coast | The Only Place

Best Coast

The Only Place

[Mexican Summer; 2012]

8.3FITA RECOMENDA

ENCONTRE: iTunes

por Livio Vilela; 23/05/2012

O ditado (é um ditado, não é?) é velho e eu suponho que todos nós saibamos muito bem disso: crescer é uma merda. Bethany Consentino certamente sabe disso. Quer dizer, ela já sabia há dois anos, quando lançou o primeiro disco do Best Coast. “Crazy For You”, mais do que um bom punhado de canções boas com um single arrasador (“Boyfriend”), era um disco sobre não querer crescer, mesmo sabendo que crescer é a ordem natural das coisas. Não se trata de rebeldia, mas de um tipo de fragilidade esse ímpeto de ser forever young, principalmente quando a coragem acaba e a realidade bate. E era nesses momentos – o ressentimento de não ser tão “namorável” quanto a garota que se formou na faculdade em “Boyfriend”, a falta de maturidade emocional que impede de dizer o que precisa ser dito em “Our Deal”, ou o “I hate to be alone” de “When I’m With You” – em que Bethany brilhava.

“The Only Place” não muda muito o jogo, mas deixa claro que Bethany entende o processo, mesmo a contragosto. Crescer é legal também. O que dá um certo tipo de autoconfiança dedo-na-cara que cai tão bem quanto charme de porraloca do primeiro disco. “Você não sabe por que eu choro”, ela canta na segunda faixa de “The Only Place”, acusando o mundo como se o mundo lhe devesse favores. É esse tom acusatório, auto-confiante que permeia quase todo álbum, do bairrismo da faixa-título à declaração de amor de peito-aberto “Up All Night” que fecha “The Only Place”.

Musicalmente, o Best Coast teve a mesma decisão de “crescer aos poucos”. O que significa que tudo soa bem menos desleixado do que em “Crazy For You” e as composições parecem ter passado por algum retrabalho, poucas pontas soltas. Ainda que sua presença seja pouco ouvida, Jon Brion faz um bom trabalho em não forçar à banda a ser algo que não é, apenas ressaltando os bons detalhes que passavam despercebidos no primeiro álbum, como a voz de Bethany (mixada sempre acima de todos os instrumentos) e as levadas country em alguns arranjos. É um álbum coeso, enfim.

A faixa central do álbum parece ser a balada “How They Want Me To Be?”, em que Cosentino fala da pressão da família, dos amigos e do namorado para que ela seja outra coisa. Se a canção e o resto de “The Only Place” provam alguma coisa é que eles estão errados. Bethany está exatamente onde precisa estar e é exatamente quem queremos que ela seja. Pelo menos por enquanto.