Luan Santana | Quando Chega A Noite

Luan Santana

Quando Chega A Noite

[Som Livre; 2012]

6.2

ENCONTRE: iTunes

por Livio Vilela; 25/04/2012

Seja por ele ser novo demais (só 20 anos) ou por vir do meio de onde vem, é quase injusto cobrar algum tipo de maturidade de Luan Santana. Mas, veja bem, não foi a imprensa, nem os fãs, nem ninguém além do próprio escritório de Luan que decidiu vender o quarto disco do rapaz, esse “Quando Chega A Noite”, como um trabalho “adulto”. O termo não é meu, está lá no release que apresentou o primeiro single e a faixa de abertura do álbum, em março, e só quem não entende uma ou duas coisas sobre o pop não sabe o quão perigosa é essa palavra, a quantidade de expectativas que ela gera. A pergunta central aqui não é se Luan está “pronto para crescer”, mas se ele, como autor que deveria ser, realmente quer tudo isso que estão querendo por ele.

Não imagino “Quando Chega A Noite” sendo lançado como está se 2011 tivesse sido um pouco melhor para Luan. Mesmo que ele tenha conseguido pelo menos uma trinca de novos sucessos (“Química Do Amor”, “Um Beijo”, “Amar Não É Pecado”), foi um ano de divisão de poder. Se antes era ele sozinho no palco do Domingão do Faustão como grande embaixador do “novo sertanejo”, em 2011 vimos Paula Fernandes, Michel Teló e Gusttavo Lima assumirem uma posição de destaque no imaginário do brasileiro, o que finalmente justificou para muita gente o papo do tamanho real do sertanejo no país.

Não que Luan esteja realmente afim de ir para o campo de batalha em “Quando Chega A Noite”. Esse é um álbum 90% defesa, 10% contra-ataque: exatamente aquilo que os fãs devotos esperavam dele, com uma capa e uma estratégia de marketing focada em atrair novos olhares.

Musicalmente e liricamente, não há nada realmente novo para ver aqui. Boa parte das canções seguem o template meio pop, meio rock, meio country que ele e Sorocaba definiram na gravação de “Meteoro”, dois anos atrás. Pode não ser arriscado, mas até funciona se você ignora os maneirismos da produção de Fernando Zor – vocal mais alto que qualquer coisa e a insistência no som ao vivo, com coros gravados em estúdio e até um “Mais um, mais um!” no fim de uma das canções. Se o single “Você De Mim Não Sai” falhou em despertar paixões no coração dos fãs e das rádios, a power ballad “Incondicional” é uma composição (dele e de Sorocaba) bem melhor que a média atual do rock brasileiro, dentro e fora de gravadora. Outro bom momento é a bela guarânia “Promete”, que mostra a evolução de Luan como compositor.

A falta que se sente, no entanto, é daquele exagero, aquela sede de sucesso que o cantor exibia no lançamento anterior, o megalomaníaco “Ao Vivo No Rio”. Também não há nenhuma balada vingativa como “Você Não Sabe O Que É Amor” e “Lembranças Vão Na Mala”, um tipo de música em que Luan se sai tão bem que é um desperdício imaginar que ele preferiu bobeiras como “Virou Star” ou “3 De Maio” para ocupar espaço.

Há até um certo charme na maneira quase carola como Luan encara o “sertanejo pegação” de Teló e Gusttavo (coisa que ele declarou em entrevista não ser muito sua praia) em “Coladinho”, herdeira da ótima “Um Beijo”, de 2011. Por mais que queiram que Luan seja um homem decidido e seguro, há 17 novas maneiras de dizer “eu te amo” em “Quando Chega A Noite” que provam que ele ainda não passa de adolescente apaixonado.