O Terno | 66

O Terno

66

[Independente; 2012]

6.0

ENCONTRE: iTunes

por Túlio Brasil; 28/09/2012

“Não fosse o bom humor” é uma música da extinta Superguidis, mas o argumento vale para os paulistas d’O Terno. Com sagacidade e um pouco de auto-ironia, a banda destacou-se na internet com a faixa (e seu ótimo clipe, principalmente) que dá nome ao álbum, “66”. Uma crônica musicada sobre a via crucis da aceitação musical no tempo da patrulha do novo, provável hit indie do ano. O bom humor dono do lide é o que impulsiona a audácia do álbum, mesmo não indo tão longe.

A brincadeira com a autenticidade revela muito sobre os caminhos d’O Terno. É legal ver alguém assumidamente influenciado. Um jogo natural de ícones do rock 60′ (Beatles, Kinks, vocês sabem), sem o pedantismo de quem procura citar demais e desenvolver de menos. O compasso descompromissado dá trela até para um reconhecimento de gêneros regionais, outro marco do pessoal com cerca de 20 anos hoje, com fraseados típicos, viola e sotaque puxado. Ouça a faixa 7, “Modão de Pinheiro”, que lembra a lírica de Tom Zé. Conjuntura que tira da cabeça o complicado (e necessário) discurso de “fazer música hoje”. Refresca pela intenção una de divertir.

Dito isso, o power-trio é bem sucedido. As canções são curtas e ficam no limiar ideal para a aproveitação de uma boa ideia na letra (“Enterrei Vivo” e “Não Preciso de Ninguém”) sem cansar. As músicas passam bem com o formato familiar ao ouvinte de rock velho, dos anos 60. Crédito usado pela banda para completar o disco, que caberia num LP simples. Mauricio Pereira (Os Mulheres Negras), padrinho da banda, deve um cafuné nos pupilos.

Longe do excepcional, o álbum de estreia d’O Terno mostra uma banda criativa que se distingue mesmo num formato batido. Suficiente no “plágio diferente” e interessante pelas letras bem humoradas.