Purity Ring | Shrines

Purity Ring

Shrines

[4AD; 2012]

6.5

ENCONTRE: iTunes

por Túlio Brasil; 04/09/2012

Se é necessário contextualizar o mínimo, o Purity Ring entra na safra da música eletrônica feito por egressos do indie. O duo de Montreal surgiu de uma banda malsucedida (comercialmente) que encontrou apelo num nicho novo. E como a maioria de seus pares, ainda não seguram um álbum inteiro. Em “Shrines”, a banda busca o pop fora de um compasso. Sentem-se contemporâneos e, em simultâneo, passam a sensação de um MySpace sendo aberto em 2012. Um estranhamento convidativo, mas que depois de um tempo cansa a vista, ou ouvidos.

Longe de ser extenuante, a audição fácil é um gracejo do dream-pop bem postado no álbum. O “cansaço” vem de um deficit de atenção de Megan (vocalista) e Corin (multi-instrumentista que dá conta de tudo). O vício pelo formato enraizado no synthpop trava um pouco as coisas. Ninguém que se preze repete a mesma música na festa. É preciso tomar um ar para tragar novas ideias.

O hit vem logo na faixa 2, “Fineshrine”, de batida torta e com a voz doce de Megan ainda mais açucarada com filtros. Condensa bem e joga com o silêncio na iminência do refrão. Jeitos semelhantes aos da música seguinte, “Ungirthed”, single que fez o grupo ser descoberto pelos blogs. A delícia da descoberta encanta até esse ponto. O que segue depois não merece ser chamado de filler, mas acaba exercendo essa função.

“Shrines” significaria mais se fosse um EP. Pois na proto-experimentação com elementos do mainstream, batida de hip-hop e madonismos em geral, o Purity Ring ainda não consegue definir um álbum. O que dentro do gênero, que apenas para um esclarecimento semântico pode-se chamar de indietronica, em 2012, ninguém ainda o fez bem — quem chegou mais perto foi Grimes em “Visions”. A característica comum de “não chegar” denota um pouco do que se pode esperar dessa safra.

A repetição de estruturas causa a sensação de um vício presente em todas as faixas. Mas a emulação não é completa, ela é falha para causar o deslocamento — o sentimento de estranheza apaziguador que diferencia as músicas. Alguns efeitos sofrem um jump cut e aparecem depois, criando uma dinâmica diferente no som.

Uma alternativa que pode ser valiosa. Mas que ainda não demostrou todo o valor.