The Walkmen | Heaven

The Walkmen

Heaven

[Fat Possum; 2012]

7.8

ENCONTRE: iTunes

por Livio Vilela; 30/05/2012

É possível afirmar que nesses 10 anos de carreira, a música do The Walkmen acompanhou as desventuras dos personagens das letras (até onde se sabe, os próprios integrantes). Dos da energia punk combinada aos excessos juvenis e os relacionamentos abusivos dos dois primeiros álbuns, a banda passou por uma espécie de ressaca moral no decepcionante “A Hundred Miles Off” de 2006, para então reencontrar o caminho da redenção no belíssimo “You & Me” de 2008. Possivelmente o melhor trabalho da banda, “You & Me” abriu caminho para essa nova fase do grupo que começou em “Lisbon”, na qual Hamilton Leithauser e cia se renderam à exploração do lado mais terno das coisas. Qualquer um que ouça “Heaven”, pode dizer que encontrou o The Walkmen em sua fase mais feliz.

“Heaven”, de certa forma, é também o álbum em que o The Walkmen olha para trás e se vê satisfeito com tudo que passou. E isso acontece não só como uma revisão musical, mas principalmente – e as fotos de divulgação do álbum contam melhor a história – uma revisão emocional, à medida em que os integrantes se veem como adultos bem sucedidos e bem casados. Para alguns, esse tipo de sentimento “olha tudo que a gente passou” pode não parecer exatamente um dos melhores materiais para a criação, mas a banda parece combinar perfeitamente com essa “nostalgia satisfeita”.

Na maioria das canções de “Heaven”, o The Walkmen exibe uma certa confiança inabalável de derreter até os mais modorrentos. “Eu não preciso de perfeição, eu amo o todo” canta Hamilton com ajuda de Robin Peckold do Fleet Foxes na balada que abre o disco, “We Can’t Be Beat”. Não é uma declaração sobre estar feliz, é sim uma a realização que depois de tanta coisa, ser feliz parece não só possível, mas inevitável. “Esses são os bons anos / Ah, os melhores que vamos ver”.

Já distante das orquestrações luxuosas de “Lisbon”, “Heaven” mostra o The Walkmen optando pela simplicidade do folk, com o violão e o piano assumindo posição de destaque no som da banda. Essa mesma simplicidade também aparece nas composições, rendendo alguns dos momentos mais refrão-estrofe-refrão da carreira da banda, como a faixa-título e “Heartbreaker”, onde Hamilton honra as comparações com Bono Vox que o acompanhavam no início.

É difícil culpar alguém por ser feliz demais, mas o único erro de “Heaven” parece ser as oportunidades que a banda desperdiça de explorar uma certa sombra que se esconde nos cantos do disco. Nos momentos mais vulneráveis do álbum, a banda até admite que nem tudo é salvo pela perseverança (“O amor é sorte”, brada o fim de “Love Is Luck”), só que mesmo nesses casos tudo parece ter corrido bem para eles. O problema, então, não parece ser nem com o cantor, nem com a canção – “Você acha que eu estou desesperado / Oh não, eu sei que você está errado”, Hamilton explica em “Heartbreaker”.