Rodriguinho | O Mundo Dá Voltas

Rodriguinho

O Mundo Dá Voltas

[Independente; 2012]

5.8

ENCONTRE: Site Oficial

por Yuri de Castro; 20/09/2012

 

“O Mundo Dá Voltas” é uma música sobre bullying e posterior superação. É uma dica sobre tudo o que aconteceu até aqui. Afinal, hoje apenas: Exaltasamba, Belo e Rodriguinho. São esses os três felizardos que o século resolveu que poderiam passar de uma década pra outra. Se os três reinavam nos 00s, bastou uma tremidinha no mercado para todo mundo chorar suas mágoas em outro canto. O Exalta bambeou com a saída de Chrigor; Belo apostou (bem) na carreira solo, mas acabou se escorando em registros ao vivo para conseguir desencalhar CDs e Rodriguinho fora o primeiro náufrago desse Titanic chamado pagode romântico; e viram o gênero perder força inclusive nas rádios de maior audiência do Rio de Janeiro. Sandy & Júnior, Kelly Key e o funk carioca já haviam equilibrado o mercado pós-fenômeno.

Pois bem: se Belo comprou tênis e foi condenado, com inversa astúcia soube voltar às rádios e aos shows; se o Exalta sucumbia sem um frontman que arrancasse suspiros das mulheres (com Péricles ia ser difícil), arranjou um pretinho bobo-ousado egresso do programa “Fama” e, ao que parece, expectativas foram superadas (Thiaguinho se revelou um ótimo compositor daquilo que o mercado precisava); e, enfim, Rodriguinho não só engordou seu corpo com duvidosas técnicas de musculação como também desdobrou-se como um compositor sagaz.

Com o tempo, mais do que seu visual bizarro, Rodriguinho foi reaparecendo. Há vários culpados: o Exaltasamba, o Thiaguinho. Mas o rapaz que curtia um Iron Maiden quando adolescente sabe de algumas coisas (ainda que tenha gostado de Iron Maiden).  “Fugidinha”, por exemplo, sucesso na voz de Michel Teló é de sua autoria — porém, não só: Rodriguinho se ofereceu para tal, ou seja, sacou que o sertanejo universitário era o pagode de 2010; e pode somar aí “Para De Falar Tanta Besteira” e, principalmente, “Livre pra Voar”, “Valeu”, “Calma, Amor” e “Fui”. Todas pontuadas por algo incomum pro gênero: algum tipo de explosão nos arranjos e com refrões menos catchy-melososos e popularmente mais apelativos. Uma espécie de samba-rock do povo. Uma das faixas do novo DVD, por exemplo, não só se chama “Forever Alone”, como também é ótima (ouça).

O quinto álbum (não se engane, leitor: ninguém lança mais álbum no mainstream verdadeiro) DVD de Rodriguinho surge com o single “O Mundo Dá Voltas”. E, aqui, Rodriguinho decepciona quem esperava, em sua voz, um outro hit que seria do Exalta. Mas, ao mesmo tempo, é “O Mundo Dá Voltas” uma antítese do que há no mercado: não é pagode-gueri-gueri (Bom Gosto, Camisa 10 e congêneres), nem pastiches do pastiche (Imaginasamba, Jeito Moleque). É um meio-termo. E ainda tem MV Bill. Eu não sei o que pode ser um Meio-termo featuring MV Bill. Se eu fosse o Rodriguinho, faria agora um pagode com a um verso típico da verve rodriguinhoniana: para resumir o que o leitor deve achar de algo “meio-termo: você precisa decidir se isso é bom ou ruim. Antes disso, eu canto a bola do que o mercado acha: Rodriguinho precisará de outras bombas para inchar os números. Essa música já foi feita umas 34 vezes (incluindo as que também receberam arranjos horrorosos de violinos como esta).

O grande problema é que Rodriguinho escreveu uma canção quase biográfica que poderia ser a encenação do que viveu após o fim do seu curso n’Os Travessos. Mas esse o orgulho estampado na letra e também na canção pode ser o indício de uma nova queda.