Os 25 Melhores Álbuns Internacionais De 2013

[25-11] [10-01]

10.savages-silence-yourself-640Savages
“Silence Yourself”

Os distraídos perderam “Silence Yourself”. Não é um todo a se lamentar, não se trata de um exemplo de ruptura. Mas não respire aliviado como se o adendo anterior amenizasse sua culpa. Este material do Savages é um raro exemplar no qual a música torna-se tão importante ao ponto de ser descartada pelo ouvinte menos disposto e cada vez mais adocicado pelo alto volume e vibração artificial dos discos que chegam a nós pelo rótulo de pós-punk. “Silence Yourself” é conciso, forte e, por vezes, didaticamente sombrio. (Yuri de Castro)

09.Darkside-Psychic-300DARKSIDE
“Psychic”

Da última vez que o mundo ouviu um álbum inteiro de Nicolas Jaar, ele estava afirmando que o espaço é só barulho. “Psychic”, primeiro álbum de Jaar ao lado de Dave Harrington, diz diferente: o espaço aqui é só beleza e psicodelia. Como contemporâneos como James Blake e Chris Taylor, Jaar é tanto músico quanto decorador de ambientes: música para ele tem forma, profundidade e cor, e com auxílio Harrington ele cria paisagens caleidoscópicas do escopo de galáxias. (Livio Vilela)

08.my-bloody-valentine-mbvMy Bloody Valentine
“m b v”

A maior parte das pessoas concordaria comigo: ninguém precisava de outro álbum do My Bloody Valentine, por mais que a ideia fizesse os fanboys molharem suas calcinhas só na imaginação. Mas o que faz “m b v” nesta lista, então? Sorte a decisão de lançar outro álbum do My Bloody Valentine não era nossa, porque “m b v” é mais uma prova da genialidade de Kevin Shields, sua perturbadora atenção aos detalhes, seu carinho incomensurável à música e sua estranha capacidade em transformar sentimentos indizíveis em ruídos de guitarra. No fundo, “m b v” é como um álbum-resumo da carreira da banda, ligando todos as peças incongruentes entre os dois outros “discos cheios” e EPs. No seu minimalismo, nenhum outro título de álbum foi tão acertado quanto este: m b v, três letras que por si já justificam tudo que esse texto apenas tenta. (Livio Vilela)

07.12-inch-jacketColin Stetson
“New History Warfare Vol. 3: To See More Light”

Bastaria sua contribuição a “Reflektor” do Arcade Fire para que o saxofonista Colin Stetson cravasse seu nome entre os grandes de 2013. Ainda sim, “To See More Light”, terceira parte de sua série “New history Warfare”, é a peça que mais se impõe na obra de Stetson neste ano. Ainda mais ambicioso que seus trabalhos anteriores, o álbum é jogo de opostos – luz e escuridão, intensidade e leveza, barulho e silêncio – brilhantemente ancorado na técnica única do saxofonista. Certamente, um dos álbuns mais cheios de ideias deste ano e um dos poucos que desenvolve com primazia cada uma delas. (Livio Vilela)

06.arcade-fire-reflektor-album-300Arcade Fire
“Reflektor”

“Reflektor” surge em 2013 como uma espécie de segunda “prova do segundo disco” para o Arcade Fire. Se “Neon Bible” foi reconhecido como um sucessor digno de “Funeral” (não é), a maior dificuldade do Arcade Fire em “Reflektor” era, de certa maneira, superar “The Suburbs”, um sucesso de crítica e publico (e dono ainda de um Grammy). Desta vez, o Arcade Fire conseguiu e com folga. “Reflektor” é de longe o melhor disco do grupo, que preza pela conceituação dos seus trabalhos. Ainda que não tenha escapado de uma estética de arena rock, que vê na grandiosidade e epicidade a salvação da música, “Reflektor” encontra brechas consideráveis para uma sonoridade mais afeita ao detalhe. Esta mistura de redenção e despretensão sonora é o grande trunfo de “Reflektor”, algo que certamente a produção de James Murphy auxiliou na construção. O resultado são canções poderosas, rodeadas pelos melhores fillers já feitos pelo grupo e ainda duas ou três canções realmente memoráveis. (Matheus Vinhal)

05.james-blake-overgrownJames Blake
“Overgrown”

James Blake é o quase herói da música desse início de século XXI. Seu segundo álbum, “Overgrown”, é cabine de telefone que coloca topete e óculos de lado para dar vazão a um esquisito super poderoso. No entanto, ainda vendas e críticas caminhem de mão dadas em sua direção, Blake parece desconfortável em cada nota de cada composição; como se os modelos de satisfação pop ainda não o tenham comovido. É claro que, em 2030, não desbancará os fanfarrões pop americanos; mas, até lá, ninguém se importará mais com o que pensa a Rolling Stone. (Yuri de Castro)

04.vampire-weekend-mvotcVampire Weekend
“Modern Vampires Of The City”

O maior feito de um disco como esse é que ele ignora solenemente as mil placas de SEM SAÍDA que espalharam por tudo quanto é lado de 2013 (e dos anos anteriores). A essa altura, já deu pra entender que absolutamente tudo é engolido por um monstro enorme de desdém, mercantilização e ironia: aquela banda nunca mais vai ser tão legal como era antes. A questão é que isso não é necessariamente uma verdade, é só a fuga disso tudo que é rara. Passando ao largo de um sistema econômico que subjuga a tudo e a todos, os meninos do Vampire Weekend fizeram um disco que, do topo do capitalismo -da elite branca e educada de um dos países mais odiados/amados do mundo – funciona como uma pequena âncora, uma prova que, flutuando sobre vogas e modas sonoras, nos dá um motivo cultural pra se sentir bem e vivo no tempo em que vivemos. De que outro modo um disco de rock classicista, com pulôveres xadrez, jaquetinhas insuportáveis e óculos de tipinho conseguiria se desvencilhar de todo o chorume que assola a nossa juventude? O palpite é: abraçando o privilégio e o problema em que nasceram. O Vampire Weekend canta e escreve na Ivy League e usa perucas de aristocratas e interpreta tenistas em videoclipes: o ponto de vista é o do privilégio, do luxo, mas o que eles tocam é universal. Ezra e cia. são tão lordes quanto “gente como a gente”, considerando que o estrato social que mais os ouve não está exatamente anos luz distante de uma realidade de confortos e desejos de classe média. Com as referências eruditas, os floreios barrocos, o senso de um rock comportado, mas poderoso, o Vampire Weekend é o retrato de uma classe abastada, e não tem muito problema com isso: luxo não é pecado, amiguinhos. E é por isso que “Modern Vampires of the City” é um dos discos mais frescos do ano. E um dos mais fodas também. (Rafael Abreu)

03.kanye-west-yeezus-300Kanye West
“Yeezus”

A oposição de “Yeezus” a “My Beautiful Twisted Dark Fantasy” talvez seja a melhor maneira de jogar luz para o que foi este disco em 2013. Em MBTDF, Kanye West decidiu dar conta do seu grandioso ego da maneira mais õbvia possível: para um ego do tamanho do mundo, uma produção imensa, tão egõlotra quanto. Para ilustrar este desejo, West jogou mais de 30 colaborações em apenas uma faixa. Em “Yeezus”, o ego permanece, mas a produção se reduz à sonoridade mais crua e dura que West já realizou. Esta crueza facilita de diversas maneiras para que Kanye West possa passar suas mensagem: por vezes de discriminado na cultura norte-americana, incompreendido por sua vida amorosa, pelos apuros que passa com sua privacidade invadida e, bem, sua visão de como ele, de certa maneira, é imagem e semelhança de Deus. A grande sacada de “Yeezus” é trazer para o grande público temas e sonoridades que andam circulando pela música independente há alguns anos. Assim, Kanye West fala de racismo, culto às celebridades, religião e hipocrisia americana acompanhado de uma produção fortemente voltada para o hip-hop industrial, com momentos que remetem ao punk, à house music, ao trap. Tudo isso gira em torno da experiência individual e única de Kanye West, uma das celebridades mais visadas pela indústria cultural atualmente. (Matheus Vinhal)

02.justin-timberlake-the-2020-experienceJustin Timberlake
“The 20/20 Experience”

Em meio de tanto excesso, barulho e confusão, “The 20/20 Experience” ainda permanece como a obra principal num ano em que Justin Timberlake fez demais. E ainda que as falhas que vieram depois tentem eclipsar os méritos deste álbum, é esse mesmo maximalismo, essa ambição de ser mais e mais grandioso, que faz a experiência tão recompensadora. É uma ideia que até fica bem na longa campanha de Justin em se firmar como o macho-alfa do entrenimento deste século: o romance levado a proporções intergaláticas, uma grande odisséia em canções de 7 minutos para cantar que a monogamia está de volta e é, sim, sexy para caramba. Talvez soe ingênuo e absurdo para muita gente, mas tudo se resolve, pelo menos aqui, na entrega e na confiança que Timberlake exibe ao longo do álbum: ele vai te fazer se apaixonar, queira você ou não. (Livio Vilela)

01.loudcitysongJulia Holter
“Loud City Song”
Julia Holter fez no novo álbum um mapa para fugir dos ‘ruídos das fofocas’, “Loud City Song” é uma obsessão às avessas da urbe. Ela imerge na cidade para criar temas que desafoguem a sua angustia urbana. O ponto de partida foi o musical Gigi, da década de 50, donde se inspirou para criar “Maxims I” na época de gravação do antecessor “Ekstasis”. Percebeu que não se encaixava no disco e fez outro. São canções ora etéreas como “Hello Stranger”, ora tensionadas como “Horns Surrounding Me”, num álbum que mescla influencias de experimental/ambient com o free jazz. Intenções acertadas na criação das canções, onde a sutileza em “In The Green Wild” sobressai das demais.

Em “Loud City Song” a chave da multiplicidade vira no anti-horário. É muito a se ver, ouvir e identificar. Julia Holter põe tudo em simultâneo na provocação de que o barulho da cidade pode soar diferente. (Túlio Brasil)

[25-11] [10-01]