SILVA: 2012

Num país em que o jornalismo musical trava uma cruzada contra o Coldplay e os ditos “coxinhas”, foi hilário assistir a contradição de “2012” fazer barba, cabelo e bigode numa das recepções mais superlativas que uma música teve por esses lados nos últimos tempos. Mesmo que fique incerto se Lúcio Souza da Silva é fã de Coldplay ou não, “2012” está bem próxima do que o grupo liderado por Chris Martin fez em “Mylo Xyloto”, do sussuro gritado que abre a faixa, à produção cheia de barulhinhos de teclado e xilofone, ainda que SILVA esteja um pouco longe do dinamismo superpop dos ingleses.

Mais do que tudo, “2012” reafirma SILVA como um dos nomes centrais da nova geração de compositores brasileiros de pop sensíveis, discípulos espirituais de Camelo, Chris Martin, Lô Borges, Billy Joel e Guilherme Arantes. Com um hit na bagagem (“Felicidade” do Jeneci), o fofopop brasileiro de Lucio, Fabio Góes, Cícero, Leonardo Rodrigues e outros caminha a passos largos para sair desse ano como tendência “vencedora” – algo que o título desse single parece insinuar.

A voz à frente na mixagem não esconde e a letra deixa tudo claro para essa segunda fase do SILVA: “O que eu sei é que eu não sinto mais medo”. Numa geração ainda envolta num lusco-fusco (para usar um termo da música) do insucesso, SILVA parece um dos primeiros realmente dispostos a brilhar.